Sangue no chão de uma das mesquitas do Iêmen atacadas ontem por homens-bomba.| Foto: Mohamed Al-Sayaghi / Reuters

Um ataque assumido pelo Estado Islâmico (EI), grupo que domina partes da Síria e do Iraque, deixou ao menos 142 mortos ontem em Sanaa, capital do Iêmen. Quatro homens-bomba se explodiram durante as orações de sexta-feira em duas mesquitas frequentadas por apoiadores de rebeldes xiitas da facção houthi. Pelo menos 350 pessoas ficaram feridas e pode haver mais mortos.

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Uma das explosões ocorreu no interior da mesquita de Badr, no sul da capital, seguida de outra na porta pela qual transitavam os fiéis. Outro alvo foi a mesquita de Al-Hashahush, no norte da cidade, que celebrava a oração do meio-dia. O imã do templo, Taha Ahmed al Mutauakil, é um dos dirigentes do grupo houthi no Iêmen. Ele foi ferido e está internado. As mesquitas de Sanaa são utilizadas principalmente por muçulmanos do grupo houthi, que há meses controla o país.

Mais violência na síria

Dois carros-bomba mataram ontem pelo menos 20 pessoas e feriram outras 80 que comemoravam o Nowruz, o Ano Novo iraniano, na cidade de maioria curda de Hassaka, no nordeste da Síria. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, o ataque foi realizado pelo Estado Islâmico (EI). O Nowruz é um festival no qual as pessoas se reúnem para jogar, dançar e comer.

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Outro homem-bomba tentou se explodir em uma mesquita na província de Sadaa, no norte do país, mas a bomba detonou antes da hora, matando somente o suicida, informou o serviço de segurança do país.

Em mensagem divulgada pela rádio do EI, a Al Bayan, transmitida pela internet, um locutor leu um comunicado do grupo que afirma que esses ataques fazem parte de “uma série de façanhas levadas a cabo diariamente pelos soldados do califado contra os inimigos de Alá e de sua religião”.

Disputa

O Iêmen vive uma disputa de poder entre os houthis, grupo apoiado pelo Irã, e o presidente do país, Abdo Rabo Mansur Hadi. Hadi havia sido colocado em prisão domiciliar, mas no dia 21 de fevereiro conseguiu fugir e chegar à cidade de Aden.

Aviões atacaram ontem a casa do presidente. Ele não ficou ferido, segundo fontes da presidência. Na manhã da quinta-feira, seis pessoas morreram e 20 ficaram feridas em confrontos no aeroporto de Aden.

Repercussão

Desespero: homem estava com criança em uma das mesquitas. 
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O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o governo americano não está convicto de que os ataques foram ordenados pelo EI. “O ataque evidencia que os cidadãos de toda a região, incluídos os muçulmanos, estão em perigo por causa da ideologia extremista do EI e de seus brutais atos de terror”, disse, no entanto.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu que todos os lados “cessem imediatamente todas as ações hostis e se contenham ao máximo”.

O governo brasileiro emitiu uma nota. “O governo brasileiro conclama todos os atores políticos iemenitas à abstenção de atos que possam provocar a radicalização do processo político“, diz a nota.