O governo do Quênia informou que 147 pessoas morreram e nove ficaram gravemente feridas nesta quinta-feira no ataque efetuado pelo grupo terrorista Al Shabab na Universidade de Garissa, no leste do país. Os quatro homens que realizaram o ataque e mantiveram reféns no local por mais de 16 horas foram mortos por tropas militares.
Uma ação conjunta das forças de segurança do Quênia conseguiu evacuar três das quatro residências universitárias, mas os terroristas permaneceram na universidade com um número indeterminado de reféns. “Um dos supostos terroristas foi detido quando tentava fugir do local”, disse o ministério queniano por meio de sua conta oficial no Twitter.
Um porta-voz do grupo islamita somali Al Shabab assumiu a autoria do ataque e disse que os reféns eram estudantes e professores, todos não muçulmanos. A ação ocorreu no início da manhã, quando os terroristas entraram na universidade, começaram a disparar indiscriminadamente e detonaram vários artefatos explosivos. Os homens armados conseguiram entrar nas residências do campus após enfrentar em um tiroteio os policiais que protegiam o local.
As cidades fronteiriças como Garissa, situada a cerca de 200 quilômetros da Somália, vivem sob constante ameaça dos jihadistas somalis. Desde outubro de 2011, quando o exército queniano entrou na Somália para combater o Al Shabab, o país vem sendo alvo de constantes atentados terroristas. O mais grave deles foi o ataque ao centro comercial Westgate, em 2013, quando 67 pessoas morreram.
O governo do Quênia identificou Mohammed Kuno, ex-professor de Garissa, como o líder que está por trás do ataque, informaram os meios de comunicação locais. As forças de segurança o identificaram como o comandante regional da Al Shabab que teria planificado dois massacres que deixaram 58 mortos no distrito de Mandera, no nordeste do país, no final do ano passado. Segundo relatório de segurança ao qual teve acesso o mesmo jornal, Kuno é um antigo professor de um madraçal (escola corânica) de Garissa e utiliza até três apelidos: Sheikh Mahamad, Dulyadin e Gamadheere.
Kuno se uniu à militância islamita quando ainda existia a União das Cortes Islâmicas (UCI), que acabaria se separando em vários grupos, entre os quais depois se destacaria o Al Shabab, no qual entrou em 2009, segundo o mesmo jornal.
O relatório também adverte que Kuno costuma utilizar membros de sua família para realizar os ataques que planeja e que atualmente é o líder da Al Shabab na região somali de Juba, que faz fronteira com as províncias quenianas mais afetadas pelos ataques do último ano: Mandera, Wajir, Garissa e Lamu.