Atiradores invadiram um hospital maternidade em Cabul, capital do Afeganistão, nesta terça-feira (12), e provocaram um tiroteio que deixou ao menos 16 pessoas mortas, incluindo dois bebês recém-nascidos, mães e enfermeiras, segundo o Ministério do Interior do Afeganistão. O confronto entre os criminosos e forças de segurança durou horas dentro do hospital.
Também nesta terça-feira, um atentado a bomba em um funeral matou ao menos 24 pessoas no leste do país. Após os ataques, o presidente afegão Ashraf Ghani anunciou que estava ordenando a retomada das operações ofensivas contra o Talibã e outros grupos.
"Para oferecer segurança aos espaços públicos e para impedir ataques e ameaças do Talibã e de outros grupos terroristas, estou ordenando as forças de segurança afegãs que saiam do modo de defesa ativa e passem para o modo de ofensiva para retomar suas operações contra os inimigos", afirmou Ghani.
Forças de segurança isolaram a área e evacuaram mais de 80 mulheres e crianças do hospital administrado pelo governo, onde funciona uma maternidade dirigida pela organização humanitária Médicos Sem Fronteiras.
Um porta-voz do Ministério do Interior afegão descreveu o ataque como um "ato contra a humanidade e um crime de guerra". Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado contra o hospital até o momento, e o Talibã negou envolvimento.
Pelo menos três atiradores vestindo uniformes policiais entraram no hospital lançando granadas e atirando, noticiou a Al Jazeera, citando autoridades locais.
Um pediatra que escapou do local disse à agência AFP que ouviu uma grande explosão na entrada do hospital, localizado em um bairro que já foi alvo de ataques do Estado Islâmico. "O hospital estava cheio de pacientes e médicos, houve pânico total", disse o médico.
Um vendedor que testemunhou o início do atentado disse à Reuters que os atiradores "estavam atirando em qualquer um no hospital sem motivo. É um hospital do governo, e muitas pessoas trazem suas mulheres e crianças para tratamento".
Os atiradores foram mortos pelas forças de segurança, segundo a imprensa internacional.
Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Turquia, Paquistão e outros países divulgaram comunicados condenando os atos de violência. A Anistia Internacional também denunciou os ataques. "Os inadmissíveis crimes de guerra no Afeganistão hoje... devem despertar o mundo para os horrores que civis continuam a sofrer", disse a organização.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, descreveu o ataque ao hospital como "puro mal" e "inconcebível". Em comunicado, ele pediu que o governo do Afeganistão e o Talibã trabalhem em cooperação para "levar os criminosos à justiça".
Ataque em funeral
Sobreviventes disseram que milhares de pessoas estavam reunidas para o funeral de um comandante nesta terça-feira quando uma bomba foi detonada em ataque suicida, na província de Nangarhar, leste do país. Segundo a Al Jazeera, o funeral era de um comandante de uma milícia pró-governo local e ex-senhor de guerra que morreu de ataque cardíaco.
O Ministério do Interior informou que 24 pessoas morreram e 68 ficaram feridas no ataque.
O Estado Islâmico afirmou que estava por trás do ataque contra o funeral, segundo a BBC. O serviço de inteligência do Afeganistão disse em comunicado na segunda-feira que prendeu um líder do Estado Islâmico na região.
A região do hospital em Cabul, um bairro xiita que abriga muitos membros da minoria Hazara, já sofreu ataques similares atribuídos ao Estados Islâmico no passado.
O Afeganistão também continua enfrentando atos de violência cometidos pelo Talibã, enquanto os Estados Unidos tentam estabelecer negociações de paz com o grupo militante. Em fevereiro, os EUA e o Talibã assinaram um acordo para a retirada das tropas americanas do país em um prazo de 14 meses, após quase 20 anos de guerra.
O Talibã diz que está reduzindo os ataques em centros urbanos e focando em operações contra forças de segurança do governo afegão.
Um porta-voz do Talibã, Zabiullah Mujahid, divulgou um comunicado dizendo que o grupo "condena veementemente" os dois ataques que mataram civis, acusando o Estado Islâmico pelos atos e criticando a "declaração de guerra" do governo de Ghani contra o Talibã.
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