Pelo menos três pessoas morreram neste sábado após a queda de um projétil lançado, pelo segundo dia consecutivo, sobre a cidade de Goma, situada no extremo leste da República Democrática do Congo (RDC), informou hoje a emissora congolesa "Radio Okapi".

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O projétil caiu durante a manhã de hoje no bairro de Ndosho, no oeste da cidade, que é cenário de enfrentamentos entre as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) e o grupo rebelde M23.

Nos últimos dias, os ataques voltaram a ocorrer na cidade, localizada na fronteira com a Ruanda, e hoje ocorreram protestos devido à situação de insegurança.

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O porta-voz da Missão da ONU na RDC (MONUSCO), Felix-Prosper Basse, pediu que os moradores de Goma "deixem (às forças da ONU) fazer seu trabalho", em declarações a "Radio Okapi". "Compreendo sua dor, quero expressar minhas condolências às famílias das vítimas e a vontade da MONUSCO de não ceder às provocações e responder firmemente", acrescentou.

A Prefeitura de Goma, nessa mesma linha, pediu "serenidade" à população, segundo a emissora.

Ontem, outros dois civis morreram e 14 ficaram feridos após a queda de quatro projéteis em Goma, informou o vice-governador de Kivu do Norte, Feller Lutahichirwa.

As autoridades congolesas acusaram ontem a Ruanda de "crimes de guerra" ao assegurar que os projéteis que atingiram Goma foram lançados do país vizinho e não de posições dos rebeldes do M23. "Este ato de Ruanda contra a população civil é um crime de guerra e contra a humanidade", advertiu ontem o porta-voz do governo congolês, Lambert Mende.

O porta-voz do Executivo congolês pediu que as Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional (TPI) "tirem suas conclusões".

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No leste da RDC, também ontem, morreram pelo menos 17 milicianos do grupo rebelde M23 e dois civis, em uma contraofensiva lançada pelo Exército congolês na cidade de Kibati e em seus arredores, na província de Kivu do Norte.

O chefe da MONUSCO, Martin Klober, ordenou na quinta-feira que suas tropas "reagissem e tomassem qualquer medida necessária para proteger os civis e impedir o avanço do M23". O M23 é formado por soldados congoleses amotinados, alguns deles membros do antigo Congresso Nacional para a Defesa do Povo, supostamente fiéis ao rebelde Bosco Ntaganda, que é julgado no TPI por crimes de guerra.

Em 20 de novembro de 2012, o M23 tomou a estratégica cidade de Goma, capital de Kivu do Norte, o que motivou o deslocamento de centenas de milhares de pessoas e ameaçou com um conflito de repercussões regionais.

A RDC está imersa em um frágil processo de paz após a segunda guerra do Congo (1998-2003), que envolveu vários países africanos, e tem em seu território cerca de 19 mil efetivos da ONU.