Ataques com bombas e tiros mataram pelo menos 50 pessoas nesta terça-feira no Iraque, entre elas 23 soldados iraquianos, em mais um duro golpe à tentativa do novo governo do país árabe de passar confiança às suas forças de segurança.
Um atentado com explosivos à beira da estrada atingiu um ônibus lotado de soldados no caminho entre Tikrit e Baiji, ao norte de Bagdá. O Exército afirma que pelo menos 23 soldados morreram, mas uma fonte no centro de coordenação entre as forças dos Estados Unidos e do Iraque em Tikrit disse que o número de vítimas pode aumentar.
- Os corpos estão sendo retirados do ônibus - disse a fonte.
Em Bagdá, um carro-bomba explodiu perto de soldados que recebiam seus salários num banco, matando pelo menos dez pessoas, entre elas uma mulher idosa. A ação ocorreu no mesmo local no bairro de Karrada onde um carro-bomba e disparos de morteiros mataram 27 pessoas na semana passada.
- Deveríamos carregar armas para nos proteger. Se esperarmos que as forças de segurança iraquianas nos protejam, vamos acabar queimando como essas pessoas inocentes - disse o jornaleiro Abu Fadhil, vendo os corpos calcinados. - O governo é incapaz. Apenas alguns dias atrás vimos uma grande explosão aqui. O ministro do Interior tem que admitir que perdeu a guerra contra os terroristas.
Um repórter da Reuters viu os corpos queimados e despedaçados na explosão espalhados na rua comercial.
Um menino de cerca de 12 anos chorava, rasgando sua camisa após ter visto a mãe morta.
- Minha mãe, minha mãe, minha mãe - gritava, enquanto as pessoas o impediam de chegar até o corpo dela.
Uma mulher nas proximidades procurava desesperadamente por seu filho.
- Alguém viu Ali? Alguém viu ali? - perguntava, antes de desmaiar e cair no chão.
Dois meses após ter sido empossado, o primeiro-ministro Nuri al-Maliki ainda precisa provar que é capaz de acabar com cenas como essas e aliviar as tensões sectárias que geram temores de guerra civil.
Até agora, ele apresentou um plano de reconciliação de 24 pontos que tem muitas promessas mas poucos detalhes. Ele também determinou uma ofensiva para garantir a segurança na capital, que ainda não surtiu resultados práticos.
Os EUA planejam aumentar seu número de soldados em Bagdá para tentar melhorar a situação. Mas a estabilidade a longo prazo e uma consequente retirada americana depende do desempenho das forças iraquianas.
Os militares iraquianos também foram alvejados na cidade de Muqdadiya, 90 Km a nordeste da capital. Um carro-bomba explodiu quando uma patrulha policial passava em frente a um hospital, matando ao menos sete pessoas e ferindo outra oito, segundo a polícia.
Em Kirkuk, norte do Iraque, uma bomba à beira da estrada matou dois policiais e feriu outro. Um dispositivo semelhante também matou uma pessoa no bairro de Zayouna, em Bagdá.