Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Crise migratória

Ataques a mulheres em Colônia aumentam pressão contra refugiados

Mulher protestou nesta sexta-feira (8), na praça principal de Colônia, na Alemanha, pedindo por respeito. Na noite de Ano Novo, várias mulheres foram supostamente atacadas por simpatizantes do Estado Islâmico. | Oliver Berg/AFP
Mulher protestou nesta sexta-feira (8), na praça principal de Colônia, na Alemanha, pedindo por respeito. Na noite de Ano Novo, várias mulheres foram supostamente atacadas por simpatizantes do Estado Islâmico. (Foto: Oliver Berg/AFP)

A crise dos refugiados na Europa ganhou um novo capítulo neste início de ano com o avanço das investigações sobre a série de abusos sofridos por mulheres na Alemanha, Suíça e Suécia na noite de réveillon. Em todos os casos, refugiados são suspeitos de participar das agressões. Na cidade alemã de Colônia, aos menos 18 demandantes de asilo político estão entre os 31 investigados. Policiais locais relataram que jovens árabes e do norte da África, alguns procedentes de abrigos para refugiados, teriam participado dos ataques na cidade.

Após a revelação, aumentou ainda mais a pressão contra os refugiados na Europa e sobre a chanceler alemã Angela Merkel. Em Colônia, pessoas foram as ruas pedir o fechamento das fronteiras. Dentro do partido da chanceler, há uma ala que tenta limitar a entrada de refugiados no país a 200 mil por ano, média de 2014 – um ano antes da crise migratória estourar. Já em 2015, foram cerca de meio milhão de pedidos de asilo. Só em setembro, o país recebeu mais de 240 mil imigrantes.

Em seu discurso de fim de ano, Merkel dedicou a maior parte do tempo à crise migratória que abala a região. Ela pediu aos alemães que sejam solidários com os refugiados e disse esperar uma boa integração entre os que chegam e o povo local. Agora, o desafio da chanceler é convencer a população de que, apesar dos últimos acontecimentos, os suspeitos de cometer os ataques são uma exceção e não uma regra entre os refugiados.

“Estamos num ponto em que a situação pode virar drasticamente e não se fará mais distinção entre refugiados, imigrantes ou criminosos. Se for estrangeiro e muçulmano, será considerado perigoso. Merkel tem que responder às preocupações da população e evitar que haja essa generalização, em que todos são considerados perigosos”, diz o professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, Kai Enno Lehmann.

Segundo ele, em países vizinhos, como Polônia e Eslováquia, esse tipo de raciocínio tem ganhado força. E fatos como os ocorridos na noite de réveillon só fazem reforçar esse discurso xenofóbico, abalando ainda mais a já combalida União Europeia.

“Existe uma divisão profunda entre os países do Leste Europeu e os outros integrantes do bloco. Essa divisão vai além da questão dos refugiados, que entra como mais um elemento nesta instabilidade. Há uma incompatibilidade de valores, entre o que esses países do Leste querem e o que a União Europeia pretende promover”, comenta Lehmann.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.