• Carregando...

Uma sinagoga foi incendiada durante a noite na Tunísia, e grupos atacaram escolas na capital na terça-feira, levando o Exército a se mobilizar para tentar controlar o caos, depois da revolta que derrubou o presidente Zine al Abdine Ben Ali.

As manifestações populares perderam fôlego nos últimos dias na Tunísia, após uma reforma ministerial que afastou do poder a maioria dos políticos ligados a Ben Ali.

Mas atos esporádicos de intimidação e sabotagem têm ocorrido após semanas de protestos que levaram Ben Ali a fugir do país em 14 de janeiro, depois de 23 anos no poder.

O porta-voz da comunidade judaica tunisiana, Peres Trabelsi, disse não saber quem está por trás do ataque à sinagoga na cidade de Gabes, no sul do país.

"Condeno esta ação e acredito que quem fez isso queria criar divisões entre judeus e muçulmanos na Tunísia, os quais convivem pacificamente há décadas", disse Trabelsi.

A Tunísia, um país muçulmano, tem uma das maiores comunidades judaicas do norte da África, e ataques como esses são raros. O último ocorreu em 2002, quando a Al Qaeda matou 21 pessoas numa sinagoga na ilha de Djerba.

Em outro sinal de deterioração da segurança, testemunhas viram gangues saqueando várias escolas e intimidando alunos em Túnis. O Exército fez disparos para o alto em Cartago, para dispersar grupos que haviam invadido duas escolas, segundo outras testemunhas.

Na segunda-feira, jovens armados com facas e paus percorreram as ruas de Gassrine, queimando prédios públicos e intimidando moradores, segundo a agência estatal de notícias.

No sábado, incidentes semelhantes haviam ocorrido no centro da capital, dispersando uma manifestação de mulheres tunisianas.

Os agressores foram perseguidos pela avenida Bourguiba, a principal da cidade, por comerciantes armados também com facas e paus, que diziam estar protegendo seus estabelecimentos.

Alguns comerciantes sugeriram que o grupo era formado por seguidores do partido RCD, de Ben Ali, ou a soldo do próprio ex-presidente, para criar distúrbios nas ruas. A exemplo do que ocorreu com os jovens que causaram distúrbios em Gassrine, esses não pareciam ser manifestantes com exigências políticas.

"Estamos aqui para tentar assegurar às pessoas que iremos protegê-las", disse um soldado, postado em um blindado em frente a uma escola de Túnis.

Ben Ali, que foi ministro do Interior antes de assumir o poder, em 1987, tinha uma vasta rede de policiais, forças de segurança e espiões. Essa rede não foi desmantelada depois da recente revolução popular.

Diplomatas dizem que os integrantes da guarda presidencial de Ben Ali foram dispersos ou mortos, mas que um pequeno número de seguidores armados do antigo regime pode ter permanecido no país.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]