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Uma série de cinco atentados coordenados em duas cidades paquistanesas deixou hoje 39 mortos - 28 deles na capital cultural do país, Lahore -, no momento em que as Forças Armadas locais preparam uma nova ofensiva contra os terroristas que atuam na fronteira com o Afeganistão.

No atentado mais violento, a sede da Agência Federal de Investigação (FIA, na sigla em inglês) e duas academias de polícia de Lahore foram atacas por homens armados com fuzis e granadas. Metade dos 28 mortos na ação era formada por policiais e militares; os outros dez eram rebeldes.

Parentes de algumas das vítimas foram feitos reféns num anexo residencial do câmpus, próximo aos edifícios da polícia. O mesmo complexo já tinha sido alvo de um ataque semelhante em março.

Numa ação quase simultânea, um carro-bomba foi detonado por um extremista, matando mais três policiais e sete civis numa delegacia de Kohat, no noroeste do Paquistão. O autor do atentado também morreu na explosão.

Um segundo ataque em Peshawar, a maior cidade do noroeste do país, na fronteira com o Afeganistão, matou uma criança num complexo habitacional onde vivem funcionários do governo.

Com os ataques desta quinta-feira, o número de mortos em atentados extremistas no Paquistão chega a 150 em duas últimas semanas, incluindo uma ousada operação, no sábado, contra o quartel de Rawalpindi - conhecido como o "Pentágono paquistanês" -, que deixou 20 mortos.

Dois dias depois, um comboio militar foi atacado por rebeldes no Vale do Swat deixando 41 mortos.

Além da polícia e das Forças Armadas, um edifício das Nações Unidas em Islamabad também foi alvo de um atentado suicida no dia 5, quando cinco funcionários da organização morreram no local.

A nova onda de violência coincide com a ofensiva militar preparada pelo Exército paquistanês contra redutos taleban no Waziristão do Sul, na fronteira com o Afeganistão, e põe em dúvida a real capacidade do governo local de frustrar a ação de grupos terroristas.

As ações ocorreram no mesmo dia que o presidente americano, Barack Obama, autorizou a liberação de US$ 7,5 bilhões em ajuda para o governo paquistanês.

Despreparo

"Eu esperava que houvesse mais planejamento e mais fortificação, mas, depois do que ocorreu hoje (ontem, quarta-feira), ficou claro que não há nenhuma das duas coisas", criticou Faisal Saleh Hayad, parlamentar da Liga Muçulmana Paquistanesa.

Para o ministro do Interior do Paquistão, Rehman Malik, "o inimigo deu início a uma guerra de guerrilha". Ele também reconheceu que apesar de os serviços de inteligência estarem em "alerta total" é necessário "construir a capacidade das agências de segurança".

Testemunhas dos ataques em Lahore dizem que os terroristas envolvidos nas ações de ontem estavam decididos a provocar o maior número possível de vítimas.

"Eles estavam aqui para morrer. Quando eram feridos, eles explodiam as bombas que traziam junto ao corpo", disse o funcionário do governo Sajjad Bhutta. Segundo ele, os terroristas "pareciam bem treinados porque pulavam sobre os muros e atiravam bem".

"Se nem os órgãos de segurança estão seguros com as pessoas normais vão estar?", disse Amir Mughal, outra testemunha dos ataques de Lahore. "Nossas crianças vão às escolas apavoradas. Nós mesmos não sabemos se voltaremos para casa depois do trabalho."

"Mas também ficamos motivados ao ver esses soldados. Nós estamos com eles", disse Shakeel Ahmad, que também estava no local durante os atentados de desta quinta-feira.

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