Forças indonésias examinam local onde explosivo foi detonado| Foto: ROMEO GACAD/AFP

Os ataques desta quinta-feira (14) em Jacarta, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), confirmam os temores regionais sobre a possibilidade de que os cidadãos que integraram as fileiras jihadistas no Oriente Médio lancem atentados após voltarem ao seu país.

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Os países do sudeste asiático alertam há meses para a possibilidade de atentados, assim como os países ocidentais, que suspeitam das intenções de seus cidadãos que estiveram na Síria ou no Iraque.

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As explosões e os tiroteios que semearam o caos em um bairro da capital indonésia e mataram ao menos sete pessoas, incluindo cinco criminosos, colocam fim a seis anos de calma relativa, nos quais as autoridades conseguiram debilitar as redes islamitas locais mais perigosas.

“Sabemos que o EI quer proclamar uma província na região”, explicou Kumar Ramakrishna, analista da escola de Estudos Internacionais S.Rajaratnam de Cingapura.

“A ameaça provocada pelo retorno ao sudeste asiático de combatentes radicalizados na região Iraque-Síria é outro fator de preocupação, com a possibilidade de que emerjam lobos solitários”.

Cinco extremistas detonaram explosivos e abriram fogo contra pedestres em um bairro central de Jacarta que abriga centros comerciais, embaixadas e escritórios da ONU. Segundo os analistas, os autores dos ataques apontavam alvos desprotegidos para aterrorizar a população civil.

As forças de segurança anunciaram recentemente ter frustrado um atentado suicida planejado no ano-novo por um grupo com supostos vínculos com o EI.

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A polícia deteve na época cinco pessoas suspeitas de pertencer a uma rede próxima ao EI e outras quatro vinculadas ao grupo extremista Jemaah Islamiyah, autor de vários atentados na Indonésia.

Velhas ameaças

Segundo a consultoria Soufan Group, entre 500 e 700 indonésios que se alistaram nas fileiras do EI na Síria retornaram ao arquipélago.

A ameaça representada pelo retorno dos combatentes não é uma novidade para a Indonésia.

Autoridades das forças antiterroristas lembram que vários indonésios formados no Afeganistão nos anos 1990 lançaram ataques em seu país, incluindo os atentados que deixaram 202 mortos em Bali em 2002.

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A Indonésia tem uma longa tradição na luta contra o islamismo. E a repressão lançada pelas autoridades do país, que tem 225 milhões de muçulmanos entre seus 250 milhões de habitantes, conseguiu reduzir a ameaça dos grupos locais.

O país proibiu qualquer forma de apoio ao EI e a sua ideologia, mas os especialistas temem que a lei seja insuficiente para enfrentar os jihadistas e que a região sofra as consequências de uma falta de coordenação.

“Os governos da região devem trabalhar juntos para impedir a criação de um satélite do ‘califado’ (proclamado pelo EI no Iraque e na Síria) porque se for criado um satélite, aumentará a ameaça para o sudeste asiático”, disse o analista Rohan Gunaratna.

“Há grupos instalados na Indonésia e nas Filipinas que juraram lealdade ao EI e estes grupos devem ser desmantelados”, acrescentou.

A Indonésia e o resto do sudeste asiático também foram vítimas do grupo jihadista Al-Qaeda.

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Seu líder, Ayman al Zawahiri, pediu nesta semana aos muçulmanos de Indonésia, Filipinas, Malásia e países vizinhos que travem uma batalha regional.

“A Indonésia enfrentou uma ameaça crescente no último ano”, afirmou Hugo Brennan, analista de Verisk Maplecroft. “Os sinais de alerta eram visíveis para todos”.