Comunicado
Exército israelense tem "muitas missões" no território palestino
AFP
O Exército israelense afirmou ontem que ainda há missões a cumprir na Faixa de Gaza, ressaltando que vai manter as tropas na região mesmo que considere concluída a missão de destruir os túneis inimigos.
"Não sairemos, vamos permanecer na Faixa de Gaza. Ainda temos muitas outras missões a concluir", declarou Moti Almoz, porta-voz do Exército ao canal israelense Channel 2.
Após nove dias de bombardeios aéreos contra a Faixa de Gaza, Israel lançou uma ofensiva terrestre em 17 de julho, com a missão de neutralizar os túneis subterrâneos utilizados pelo Hamas em suas operações de infiltração em território israelense.
"Todos os túneis identificados foram destruídos", assegurou o porta-voz militar. No entanto, "não é porque estamos falando sobre o final da missão contra os túneis, que estamos falando sobre o fim da operação em Gaza", ressaltou.
Ontem, Israel observou uma trégua humanitária unilateral de sete horas.
1.865 palestinos morreram desde o início da ofensiva israelense contra o Hamas na Faixa de Gaza. Mais de 9,4 mil ficaram feridos. A maioria das vítimas é civil e existem muitas crianças entre elas. A operação Margem Protetora começou com bombardeios no dia 8 de julho e evoluiu, nove dias depois, para uma ação terrestre.
72 horas é a duração de um novo cessar-fogo negociado ontem pelo Egito entre Israel e o Hamas. A trégua deve começar às 8 h de hoje (2 h da manhã em Brasília). Ontem, havia somente representantes palestinos no Cairo. Hoje, a expectativa é de que ocorram negociações mais amplas com os dois lados presentes na capital egípcia.
Dois ataques ocorridos ontem em Israel dão sinais de que o conflito entre Tel Aviv e o Hamas extrapolou a Faixa de Gaza.
No primeiro, no bairro judeu ultraortodoxo da cidade, palestino dirigindo trator matou um israelense e virou um ônibus. Não havia passageiros no ônibus. No outro ataque, atirador acabou ferindo um soldado.
Imagens de câmeras de segurança transmitidas na televisão israelense mostraram o braço mecânico da escavadeira abrindo a lateral do ônibus capotado na calçada.
A polícia identificou o motorista como um palestino de Jerusalém Oriental e descreveu o incidente como um "ataque terrorista".
Os policiais o mataram com tiros e imagens da tevê exibiram o corpo do homem desacordado na cabine da escavadeira. Horas mais tarde, atirador disparou contra um soldado, ferindo-o no estômago, e saltou em uma moto que o esperava, de acordo com informações dadas pela polícia.
"Temos uma grande suspeita de que isso foi um ataque terrorista", disse Yossi Parienti, chefe de polícia de Jerusalém, à rede de tevê Channel 2.
Tel Aviv, o coração comercial de Israel, foi colocada em alerta. A polícia montou barreiras nas ruas, causando congestionamentos generalizados, embora mais tarde tenham sido removidas.
Ninguém assumiu de imediato a autoria dos ataques de ontem, mas um porta-voz do Hamas, o grupo que controla a Faixa de Gaza, declarou: "Louvamos as operações heroicas e corajosas em Jerusalém, uma reação natural aos crimes e massacres da Ocupação [Israel] contra nosso povo em Gaza".
Descrevendo o incidente com a escavadeira, Parienti afirmou que o veículo "atingiu um cidadão israelense em um canteiro de obras e seguiu cerca de 50 metros pela rua, onde virou o ônibus com seu braço, ferindo levemente três pessoas.
O ministro da Segurança Interna, Yitzhak Aharonovitch, disse que o conflito de quatro semanas já havia despertado temores de ataques a cidades israelenses.
"Desde o momento em que os combates começaram no sul, percebemos que agressões individuais como essas podiam acontecer e ataques com tratores são comuns em Jerusalém", declarou Aharonovitch ao Channel 2. "Toda a família [do motorista] está sendo interrogada. Queremos saber quem o enviou e se estava agindo sozinho", disse o chefe de polícia.
Memória
Em dois incidentes em julho de 2008, veículos de construção guiados por palestinos atingiram ônibus israelenses e pedestres, matando três pessoas. Nos dois casos, os agressores foram mortos com tiros. Três anos depois, um motorista de caminhão árabe atingiu carros e pedestres em Tel Aviv, matando uma pessoa, no que a polícia afirmou ter sido um ataque deliberado. O motorista foi preso e sentenciado à prisão perpétua.
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