Uma centena de casos de violência sexual na noite de ano novo em Colônia, oeste da Alemanha, atribuídas a “jovens aparentemente de origem árabe” tem causado polêmica em todo o país -- cujo governo condenou os crimes, embora esteja preocupado com uma possível estigmatização dos refugiados.
A chanceler alemã Angela Merkel conversou por telefone com a prefeita de Colônia, Henriette Reker, e manifestou “sua indignação diante destes atos de violência insuportáveis e agressões sexuais”. Outros políticos tentaram estabelecer um vínculo entre os crimes e o aumento da presença de imigrantes no país.
O caso, que ganhou amplitude à medida em que novas denúncias eram registradas, comoveu todo o país pela “nova dimensão” que implica a participação de “mais de mil pessoas”, que agrediram ou protegeram os agressores, declarou à imprensa o ministro da Justiça alemão, Heiko Maas.
“Trata-se de uma nova forma de crime organizado (...) Será preciso refletir sobre isso, pensar em meios para enfrentá-lo”, afirmou.
Até a terça-feira de manhã a polícia registrou 90 denúncias de assédio sexual, roubos e pelo menos uma de estupro -- e seguia aguardando novas denúncias. “Parto do princípio de que ainda mais denúncias serão feitas”, declarou o chefe da polícia de Colônia, Wolfgang Albers.
Cerca de 300 pessoas se reuniram nesta terça de maneira simbólica em frente à catedral da cidade para pedir mais respeito às mulheres.
Estes ataques foram atribuídos a grupos de 20 a 30 jovens bêbados que se reuniram perto da Catedral e da Estação Central de Colônia. A polícia também disse que recebeu uma dúzia de queixas em Hamburgo (norte).
“A gente estava indo embora quando um grupo de cerca de vinte homens estrangeiros nos abordou”, disse uma das vítimas à rede de televisão N-TV. “Eles começaram a nos agredir, tocando nossa virilha, o decote (do vestido) e por baixo do casaco”, contou, dizendo também que o grupo “só atacava mulheres” e mencionou também roubos.
Segundo Albers, os relatos dos policiais que atuaram na noite de réveillon apontaram que os agressores “em sua grande maioria eram jovens de entre 18 e 25 anos, aparentemente de origem árabe ou norte-africana”, algo que foi corroborado pelas descrições feitas pelas vítimas.
“Não temos qualquer indício que demonstre que tratam-se de refugiados alojados em Colônia” ou seus arredores, insistiu Reker, considerando essa associação “inadmissível”.
A aparência dos agressores “não deve levar a uma suspeita geral sobre os refugiados que, independentemente de sua origem, venham buscar refúgio em nosso país”, disse o ministro do Interior, Thomas de Maizière.
A polícia ainda não prendeu nenhum dos eventuais suspeitos.
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