Enquanto líderes internacionais discutem com o presidente Hamid Karzai, na Alemanha, o futuro do Afeganistão, um atentado contra um santuário xiita deixou dezenas de mortos nesta terça-feira em Cabul, trazendo à tona o risco de uma onda de violência religiosa no país. Realizado por um homem-bomba, o ataque aconteceu durante a celebração do festival da Ashura.
Segundo Mohammad Zahir, chefe do departamento de investigação criminal da capital afegã, 54 pessoas morreram na cidade e mais de cem ficaram feridas, incluindo mulheres e crianças.
"Ainda não está claro quem cometeu o ataque. Ninguém reivindicou a responsabilidade", afirmou Zahir, acrescentando que o número de mortos pode aumentar.
Pouco depois da explosão no coração de Cabul, que aconteceu ao meio-dia (horário local), xiitas também parecem ter sido o alvo de outro ataque no país. Um homem-bomba que passava de bicicleta se explodiu perto da principal mesquita na cidade de Mazar-i-Sharif, matando quatro pessoas e ferindo outras 17.
As ruas da cidade estavam lotadas de pessoas celebrando a Ashura, maior evento do calendário muçulmano xiita. O festival marca o martírio do neto do profeta Maomé Hussein na batalha de Karbala no Iraque no ano de 680.
O Afeganistão tem um histórico de tensão e violência entre sunitas e a maioria xiita, mas desde a queda do Taleban, o país viu cair o número de ataques em grande escala, que ainda perturbam o vizinho Paquistão.
A luta sectária entre a maioria sunita do Paquistão e a minoria xiita se intensificou desde que extremistas sunitas aprofundou os laços com a rede al-Qaeda e com rebeldes do Taleban paquistanês. O movimento aconteceu depois que o Paquistão se juntou à campanha liderada pelos EUA contra o terrorismo em resposta aos atentados do 11 de setembro de 2001.