Há um mês, o ex-presidente Donald Trump foi alvo de uma tentativa de assassinato durante um comício em Butler, na Pensilvânia (EUA). Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos, disparou oito tiros de um prédio próximo ao local do evento, o que resultou na morte de um apoiador de Trump. Uma das balas atingiu de raspão a orelha direita do candidato republicano à Casa Branca, por pouco não acertando sua cabeça.
Apesar da gravidade do caso, um mês depois as motivações do ataque permanecem obscuras e a imprensa americana tem falado cada vez menos no assunto. A maior parte das notícias sobre o tema são de três ou quatro semanas atrás. Nas poucas reportagens recentes, há mais incertezas que respostas sobre a motivação do ataque.
"Um mês desde a tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump, muitas questões permanecem sem resposta – talvez a maior delas seja como um atirador foi capaz de acessar um telhado com uma linha direta de visão para o ex-presidente", afirmou o portal U.S. News no dia em que o atentado fez um mês.
Um dia antes, o jornal New York Times ouviu o o deputado republicano Mike Kelly, da Pensilvânia, que estava na plateia com a família no dia do ataque e que foi nomeado presidente de uma força-tarefa bipartidária do Congresso, cujo objetivo é buscar respostas sobre o que houve em 13 de julho. “Não sabemos muito sobre Crooks. Eu quero saber mais sobre ‘Quem é essa pessoa?’ Por não ter fatos sólidos, as teorias da conspiração continuam a crescer”, disse.
Na semana passada, o ABC News trouxe uma reportagem mostrando que o autor dos disparos visitou um clube de armas dezenas de vezes no ano anterior ao atentado, concluindo com a informação de que "o vice-diretor do FBI, Paul Abbate, disse a um painel do Senado no mês passado que a investigação continua focada no motivo, identificando possíveis co-conspiradores e construindo o cronograma das ações do atirador".
FBI sem detalhes
A falta de detalhes aprofundados sobre o criminoso de 20 anos é outro ponto crítico nessa história. O FBI ainda não conseguiu revelar de forma concreta qual foi a real motivação do atirador nem informações sobre o suposto envolvimento de outras pessoas no caso, afirmando apenas que Crooks pode ter escolhido Trump de “forma aleatória”, uma vez que estava pesquisando sobre diversos políticos republicanos e democratas.
Em uma reunião realizada com Trump no começo deste mês, investigadores do FBI trouxeram apenas informações mais frias, como a de que Crooks era uma pessoa extremamente inteligente, com um alto desempenho escolar e que poderia sofrer de algum “transtorno mental”, que ainda não foi diagnosticado.
Os investigadores também disseram para Trump que analisaram três contas de e-mail estrangeiras associadas a Crooks, mas encontraram apenas informações sobre compras de armas e munições, nada relacionado a uma motivação especifica ou envolvimento de outras pessoas.
Conspiração iraniana
Dias após o atentado, o jornal americano Politico, divulgou informações de que a inteligência dos EUA teria recebido informações crescentes sobre uma possível conspiração iraniana para assassinar Trump, em retaliação pela morte do general iraniano Qassem Soleimani em 2020. Apesar desta notícia, autoridades americanas responsáveis pelo caso não fizeram nenhuma ligação entre o ataque de Crooks e o Irã.
Recentemente, a campanha de Trump foi alvo de um ataque hacker, o que levantou suspeitas entre os republicanos de uma investida dos iranianos, que já estariam tentando interferir nas eleições americanas.
O porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, chegou a dizer que "os iranianos sabem que o presidente Trump [caso volte à presidência] acabará com seu reinado de terror, assim como fez em seus primeiros quatro anos na Casa Branca".
Falhas na segurança
Além dos problemas envolvendo o curso das investigações, a tentativa de assassinato de Trump revelou falhas significativas que existem atualmente na segurança dos EUA.
De acordo com informações que surgiram após o atentado em Butler, o Serviço Secreto já havia identificado Crooks como uma ameaça aproximadamente uma hora antes dos disparos, no entanto, os agentes perderam o criminoso de vista. Informações adicionais também indicaram que um atirador de elite, que estava auxiliando o Serviço Secreto, registrou a presença de Crooks no telhado do prédio de onde ele realizou os disparos 20 minutos antes do ataque, mas nenhuma ação concreta foi tomada para impedir o ato.
No final de julho, a equipe de Trump denunciou que o atentado também pode estar sendo alvo de uma campanha de boicote promovida pelo Google. Segundo as alegações, o Google, por um tempo, não sugeriu em sua ferramenta de busca frases relacionadas à tentativa de assassinato contra Trump. Integrantes do partido Republicano e aliados de Trump, incluindo seu filho, Donald Trump Jr., acusaram a empresa americana de tentar interferir nas eleições ao suprimir informações sobre o ataque. Trump Jr. disse que a "interferência intencional da parte do Google é verdadeiramente condenável".