Três morteiros foram disparados nesta sexta-feira (6) contra a zona verde no momento em que o exército iraquiano celebrava o 91º aniversário de sua criação com um desfile em Bagdá, o primeiro desde a retirada das forças americanas do país e um dia depois de uma violenta onda de atentados que deixou 68 mortos. A zona verde não é acessível ao grande público e várias estradas que levam a ela estavam fechadas devido às medidas de segurança.
Apesar das medidas de segurança, os insurgentes dispararam, sem causar vítimas ou danos, três morteiros contra a cerimônia que aconteceu na presença do primeiro-ministro Nuri al-Maliki em um estádio localizado na área mais segura da capital, onde o ex-presidente Saddam Hussein também costumava assistir os desfiles militares.
Dezenas de bandeiras iraquianas de todos os tamanhos eram agitadas e numa faixa era possível ler: "Juntos para construir e salvar o Iraque".
"É uma ocasião bonita e feliz, o 91o. aniversário do exército iraquiano, que coincide com a partida das tropas americanas e passa a mensagem que o exército iraquiano está preparado para proteger o país", declarou o general Mohammed al-Askari.
Este desfile é o primeiro desde o fim das operações de retirada do exército dos Estados Unidos, em 18 de dezembro.
As tropas iraquianas tinham no final de outubro um total de 279.000 efetivos, segundo o SIGIR, organismo americano encarregado de controlar a reconstrução do Iraque.
Este exército, ainda em vias de reconstrução, é considerado capaz de garantir a segurança no interior do país, mas frágil em termos de defesa de suas fronteiras, especialmente o espaço aéreo.
Criado em 1921, o exército iraquiano desempenhou um papel crucial na vida política do país, como realizando vários golpes de Estado, e depois sendo utilizado por Saddam Hussein para assentar seu poder.
Este exército foi desmantelado pelos Estados Unidos depois da invasão do país em 2003, já que se suspeitava que era um refúgio de todos os partidários de Saddam Hussein. Mas teve de ser reconstituído rapidamente para lutar contra os movimentos rebeldes.
Um dia depois da onda de atentados antixiitas que deixaram quase 70 mortos, mais dois peregrinos xiitas morreram e sete ficaram feridos em Bagdá.
As explosões de duas bombas dissimuladas em duas pontes do bairro de Dora, zona sul da capital, mataram duas pessoas e deixaram sete feridos, segundo o ministério do Interior.
A data festiva foi assim marcada pela violência que atinge o país em função de uma grave crise entre os blocos políticos sunitas e xiitas. Dirigentes das duas tendências manifestam preocupação com a possibilidade de um ressurgimento da onda de violência religiosa que provocou milhares de mortes entre 2006 e 2007.
A atual crise teve início depois que a bancada parlamentar Iraqiya, de orientação sunita, passou a criticar, em dezembro e em tom duro, os métodos do governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, um xiita.
A situação se agravou com a ordem de prisão contra o vice-presidente Tarek al-Hashemi, um sunita, que encontrou refúgio no Curdistão iraquiano, norte do país.
O bloco Iraqiya, segundo maior grupo no Parlamento, com 82 legisladores, boicota há mais de duas semanas os trabalhos legislativos. Seus nove ministros fazem o mesmo no Executivo.
Estados Unidos e ONU pediram calma e diálogo às diferentes tendências políticas, mas até o momento sem resultados concretos.
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