Um atirador disparou contra a deputada democrata Gabrielle Giffords e acertou outras 17 pessoas no último sábado, em um evento político em frente a um supermercado de Tucson, no Arizona (EUA). Jared Loughner, de 22 anos, foi apontado como sendo o principal suspeito. Ele foi indiciado por cinco crimes: duas acusações de homicídio em primeiro grau e três por tentativa de homicídio. O atirador feriu 12 pessoas e matou seis, incluindo uma menina de 9 anos e o juiz federal John Roll.
Um tiro atravessou a cabeça de Gabrielle, de 40 anos. Até o fechamento desta edição, ela estava em estado grave, mas, segundo o médico Peter Rhee, em entrevista coletiva, estava "respondendo a comandos".
O evento de que Gabrielle participava, chamado "O Congresso na sua Esquina", colocava os eleitores em contato direto com a parlamentar.
Recuperação
Os médicos disseram que estão "cautelosamente otimistas" sobre o estado de saúde de Gabrielle.
Rhee, chefe de traumatologia do hospital, explicou que, devido à neurocirurgia e ao uso de aparelhos para respirar, Gabrielle não pode falar. Porém, ela "é capaz de se comunicar seguindo comandos simples", como apertar a mão de alguém ou mostrar dois dedos, explicou Michael Lemole, chefe de neurocirurgia.
O projétil atravessou o cérebro do lado esquerdo, entrando por trás da cabeça e saindo pela frente, mas sem passar de um hemisfério do cérebro para outro o que é considerado positivo. Graças à rápida intervenção das equipes de emergência, a deputada foi operada apenas 38 minutos depois do ataque.
Durante a cirurgia, foi contida a hemorragia, "que não era muito grave", foi retirado o tecido danificado e também uma porção do crânio que deve ser reimplantada posteriormente para evitar que o cérebro fosse comprimido e sofresse mais danos.
"A principal preocupação agora é a inflamação do cérebro", disse Lemole.
Dada a natureza devastadora do ferimento, os médicos disseram que não tinham certeza da extensão dos danos cerebrais sofridos pela deputada.
O lado esquerdo do cérebro é responsável pela habilidade da fala e das sensações, explicaram os médicos, que não quiserem especular sobre possíveis sequelas.
"Esta é a melhor situação em que ela poderia estar. Quando alguém recebe um tiro na cabeça e a bala atravessa o cérebro, as chances de sobreviver são muito pequenas, e a chance de acordar e inclusive de obedecer a comandos é ainda menor. Com um pouco de sorte, ela continuará assim", disse Rhee.
Repercussão
Em comunicado, o presidente Barack Obama rechaçou o ataque como "uma tragédia inenarrável".
"Não temos todas as respostas ainda. O que sabemos é que um ato de violência tão insensato e terrível não tem espaço em uma sociedade livre."
A secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano, também condenou o ataque e disse estar muito triste com o incidente. O Departamento de Segurança Interna está dando apoio ao FBI (polícia federal americana) e à polícia local, que comandam as investigações.