Jean-Marie Le Pen, o eterno símbolo da Frente Nacional (FN), o maior partido de extrema direita da França, passou o poder à filha, Marine, mas não se afasta das polêmicas. Frente ao massacre de Oslo e da Ilha de Utoya, na Noruega, Le Pen preferiu criticar na sexta-feira (29) a "ingenuidade" do governo norueguês, considerando-a "mais grave" que os ataques cometidos por Anders Behring Breivik.
Em toda a Europa, a explosão de fúria do extremista norueguês dividiu opiniões nas fileiras da ultradireita. Na França, Le Pen mal escondeu a simpatia pelo assassino confesso de 77 pessoas, a quem definiu como "um indivíduo sob efeito de loucura passageira". "O que me parece mais grave é a ingenuidade e a inação do governo norueguês", esbravejou, protestando contra a imigração no país em que "os policiais não são armados".
Reação similar tiveram políticos como Mario Borghezio, deputado da Liga Norte e ex-ministro de Silvio Berlusconi, na Itália, que defendeu as ideias de Breivik, definindo-as como "muito boas" ou "ótimas". Na Áustria, Werner Königshofer, deputado do Partido da Liberdade, também defendeu o norueguês da crítica de um jornal de Viena.
Outros líderes da mesma estirpe, como o holandês Geert Wilders, tiveram que dar explicações. Elogiado por Breivik em seu manifesto de 1,5 mil páginas, Wilders acusou o norueguês de ser "um psicopata que abusou violentamente da luta contra a islamização". Na Rússia, Vladimir Putin, o maior dos ídolos de Breivik - ao lado do papa - também teve de se esquivar das palavras carinhosas do assassino confesso.
Para Jean-Yves Camus, cientista político do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), de Paris, a explosão de ódio do extremista norueguês é sintoma de uma ultradireita que cresce não apenas na Europa continental, mas também na Escandinávia. "Na Noruega, 23% do eleitorado vota na extrema direita. Na Dinamarca, 13%, na Suécia, 6%", lembrou o pesquisador. "Este não é um fenômeno isolado da Noruega."
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