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Terror

Atirador usou balas especiais para matar mais

Noruegueses se reúnem diante da catedral de Oslo para chorar os 93 mortos dos ataques sangrentos que chocaram o país na sexta-feira: polícia encontrou diário online em que suspeito planejava atentados desde 2009 | Berit Roald/Reuters
Noruegueses se reúnem diante da catedral de Oslo para chorar os 93 mortos dos ataques sangrentos que chocaram o país na sexta-feira: polícia encontrou diário online em que suspeito planejava atentados desde 2009 (Foto: Berit Roald/Reuters)
Garotos choram durante missa em homenagem a amigos mortos em ataque |

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Garotos choram durante missa em homenagem a amigos mortos em ataque

O homem responsável pelo massacre de sexta-feira na No­­ruega usou balas projetadas para causar o maior dano possível no ataque que matou 86 jovens en­­tre 14 e 17 anos na ilha de Utoeya, revelou ontem um dos médicos que atenderam as vítimas no Hospital de Ringriket, próximo à capital Oslo.

O número de vítimas fatais no duplo atentado terrorista subiu de 92 para 93, com a morte de um dos feridos no segundo atentado, o tiroteio em um acampamento de verão da juventude do Partida Trabalhista em Utoeya. Sete pessoas foram mortas, cerca de duas horas antes, na explosão de uma bomba nos arredores da sede do governo, em Oslo.

Com relação à gravidade dos ferimentos, o médico Colin Po­­ole, chefe da divisão de cirurgia do Ringriket, afirmou à imprensa internacional que, em pelo menos 16 corpos, não foi sequer possível recuperar as balas. "Aque­­las balas mais ou menos explodiram dentro do corpo. (...) Essas balas infligiram danos internos que são absolutamente horríveis", disse.

Projéteis conhecidos como "dum-dum" foram a provável munição usada pelo atirador. São balas mais leves que as co­­muns, permitem tiros a longa distância e são comumente utilizadas por caçadores.

A polícia continua investigando para determinar se houve "um ou mais" atiradores na ilha de Utoya. Anders Behring Brei­­vik, que foi preso na ilha na própria sexta-feira e é apontado co­­mo o assassino em série, disse on­­tem em interrogatório ter agido sozinho, mas negou ter "responsabilidade criminal", já que considerava suas ações necessárias para "reformar a sociedade". Ele está sujeito a acusações de terrorismo, cuja pena máxima é de 21 anos. Depoi­­men­­tos de alguns so­­breviventes de­­ram a entender que poderia ha­­ver outro atirador, e, como os dois ataques foram cometidos com duas horas de diferença, a hipótese mais sólida era de que o suspeito tinha ativado o carro-bomba que explodiu na capital para depois seguir em direção à ilha, situada a cerca de 40 quilômetros da capital.

Documento

Um documento de 1.500 páginas redigido aparentemente por Brei­­vik revela que o ataque já era preparado desde o segundo semestre de 2009. O documento, publicado na internet diariamente, inclui um manual sobre como montar bombas e um discurso contra o Islã e o marxismo.

Nele o rapaz de 32 anos, dono de uma fazenda, detalha os preparativos de sua ação, destacando "o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas", e imagina que será lembrado co­­mo "o maior monstro nazista desde a Segunda Guerra Mun­­dial". Com várias referências históricas, o manifesto inclui numerosos detalhes da personalidade do agressor, seu modus operandi para fabricar bombas e seu treinamento de tiro, além de um minucioso diário dos três meses que precederam o ataque.

O texto, escrito em inglês, tem o título "A European Declaration of Independence – 2083" (uma declaração de Independência Europeia) e é firmado sob o pseudônimo "Andrew Berwick".

"Meu nome, Breivik, remonta à época anterior à dos vikings. Behring é um nome germânico pré-cristão que deriva da palavra Behr, que em alemão significa urso [...] e Anders [Andreas] é o equivalente escandinavo de [...] Andrew", explica.

Alvos

O suspeito também dava indicações de onde atacaria. "Um al­­vo prioritário é a reunião anual do partido socialista/so­­cial democrata", diz o texto, que também explica co­­mo mon­­tar uma em­­presa de fa­­chada, mineradora ou agrícola, para adquirir ex­­plosivos.

O documento acaba assim: "Acredito que será minha última postagem. Estamos na sexta-feira, 22 de julho, às 12h51", apenas três horas antes da ex­­plosão de uma bomba no centro de Oslo e do posterior ataque à colônia de férias do Partido Tra­­balhista.

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