Atiradores mataram dois soldados britânicos enquanto os militares recebiam pizzas na entrada de uma base do Exército na Irlanda do Norte, em um ataque que aparenta querer provocar uma nova onda de violência na província britânica.
Líderes políticos na Grã-Bretanha e na Irlanda disseram que os ataques de sábado à noite não podem afetar o processo de paz.
Foi um dos piores atos de violência na província desde que o tratado de paz de 1998 foi assinado para encerrar décadas de luta política e sectária.
"Este é um terrível lembrete dos eventos do passado", disse Peter Robinson, líder do principal partido protestante de Belfast e da coalizão governamental.
O ataque se seguiu a um alerta da polícia na semana passada de que a ameaça de grupos dissidentes do IRA (Exército Republicano Irlandês, na sigla em inglês) está em seu momento mais intenso em quase uma década e relatos de que forças britânicas especiais retornaram à Irlanda do Norte para coletar informações.
Quatro pessoas, incluindo dois entregadores de pizza, também ficaram feridos no ataque, segundo a rede de televisão pública RTE. As vítimas recebiam as pizzas na base de Massereene, próxima à cidade de Antrim, 25 quilômetros ao nordeste de Belfast, quando os atiradores chegaram em um veículo e abriram fogo.
Houve uma primeira série de disparos e em seguida os atiradores se aproximaram a pé e atiraram nas vítimas enquanto jaziam no chão, disse a RTE. Os dois soldados mortos tinham cerca de 20 anos e deveriam partir para o Afeganistão.
O acordo de paz da Sexta-feira Santa de 1998 pôs fim a 30 anos de conflitos na Irlanda do Norte, no quais mais de 3 mil pessoas foram mortas, mas a violência esporádica continuou.
O IRA, que buscava uma Irlanda unida e que atraiu o apoio da minoritária comunidade católica, e milícias protestantes pró-Grã-Bretanha concordaram com o cessar-fogo.
Repercussão
A Grã-Bretanha e a Irlanda, mediadoras conjuntas do acordo de paz, condenaram o ataque. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, classificou o ato de "ação maldosa e covarde".
"Nenhum assassinato será capaz de afetar um processo de paz apoiado pela vasta maioria do povo da Irlanda do Norte, e vamos aumentar os esforços para tornar o processo de paz duradouro", disse ele em um comunicado transmitido pelos meios de comunicação.
O primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, disse: "Um pequeno grupo de pessoas ruins não pode e não vai minar a vontade do povo de viver junto e em paz".
A presidente irlandesa, Mary McAleese, mostrou-se chocada e atônita, e o opositor Partido Conservador britânico disse que aqueles por trás do atentado "covarde" não têm o apoio da população.
O partido nacionalista irlandês Sinn Fein condenou os ataques à base britânica na Irlanda do Norte, dizendo que os republicanos têm o dever de se opor ao que chamaram de um ato "errado e contraproducente".
"Os responsáveis não têm apoio nem estratégia para obter uma Irlanda Unida", disse Gerry Adams, presidente do Sinn Fein, em um comunicado.
"Sua intenção é trazer os soldados britânicos de volta às ruas. Querem destruir o progresso dos últimos tempos e mergulhar a Irlanda no conflito novamente", acrescentou Adams.