Londres (Das agências) A atitude do governo britânico diante da morte de Jean Charles de Menezes continua causando irritação no governo brasileiro. A revelação pelo ministério do Interior britânico de que Jean estava em situação ilegal, na véspera do funeral do brasileiro, foi considerada um "ato de extremo mau gosto e oportunismo" por fontes diplomáticas do Brasil.
Segundo as fontes do Itamaraty, ontem seria um dia no qual as atenções se concentrariam no funeral de Jean na cidade mineira de Gonzaga e nas manifestações de solidariedade aos parentes do Brasil e do Reino Unido, mas a revelação sobre a situação ilegal ajudou a desviar a atenção da imprensa. O governo britânico parece estar "adotando uma estratégia de manipulação da opinião pública" para tentar isentar a polícia da responsabilidade sobre o caso, acrescentaram.
As relações entre os dois governos em torno do incidente vêm se deteriorando desde que no sábado surgiram os primeiros rumores sobre a identidade da pessoa morta pela polícia em Stockwell no dia 22. O consulado brasileiro demorou a ser informado pelas autoridades britânicas. Além disso, o ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw, demorou a se reunir com o ministro Celso Amorim, que estava em Londres. O encontro somente ocorreu na segunda-feira.
Polícia
Em Londres, o presidente da comissão independente de queixas sobre a polícia (IPCC), Nick Hardwick, chamou de "irrelevante" a informação do Ministério da Justiça britânico, que disse não reconhecer o visto carimbado no passaporte de Menezes. Para Hardwick, que falou com jornalistas ontem, do lado de fora da estação de metrô de Stockwell, onde o brasileiro foi morto, é surpreendente que o governo britânico tenha divulgado a informação. Ele garantiu que o IPCC não "divulgará nenhuma informação parcial até que os fatos sejam estabelecidos de uma forma precisa".
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