Um tribunal na China sentenciou nesta sexta-feira (23) um ativista pela democracia a nove anos de prisão por incitar a subversão, no que parece ser a punição mais severa de uma campanha para reprimir a dissidência no país.
O ativista Chen Wei foi condenado por incitar a subversão por quatro ensaios que escreveu e publicou na internet, disse um de seus advogados. Ele foi detido em fevereiro durante uma extensa operação do governo na resposta a comentários anônimos feitos pela internet, que recomendavam aos chineses que imitassem os protestos no norte da África e no Oriente Médio.
O advogado Liang Xiaojun disse que a sessão no tribunal na cidade de Suining, no noroeste da China, durou cerca de duas horas e meia e a sentença foi entregue 30 minutos após o fim do julgamento.
"Nos declaramos inocentes. Ele somente escreveu alguns ensaios. Apresentamos uma defesa completa do caso, mas nos interromperam seguidamente e nada do que dissemos foi aceito pelo tribunal", afirmou Liang.
Chen, de 42 anos, já esteve na prisão antes por participar nas manifestações de 1989, na praça de da Paz Celestial de Pequim, a favor da democracia enquanto frequentava a universidade. Em 1994 Chen havia sido sentenciado a cinco anos por "propaganda contrarrevolucionária e incitação". A sentença desta sexta-feira parece ser a mais dura relacionada à repressão este ano, disse Wang Songlian, investigador do grupo Defensores Chineses dos Direitos Humanos, um grupo sediado em Hong Kong. A Anistia Internacional criticou a dureza da sentença e pediu a libertação imediata do dissidente.
Chen não planeja apelar da sentença, segundo seus advogados. "Ele não pretende apelar porque sente que esta é uma sabotagem política e ele não quer participar mais de pantomimas", afirmou um deles. Após a leitura da sentença, o dissidente gritou que ele era inocente e que ao final a democracia prevalecerá e os ditadores cairão, segundo Liang.