O ativista indiano Anna Hazare rejeitou nesta quarta-feira qualquer concessão ao governo na sua cruzada por leis mais rígidas contra a corrupção, e prometeu manter sua greve de fome, agora no nono dia, mesmo que isso lhe custe a vida.
Hazare, de 74 anos, já apresenta problemas de saúde, e continua reunindo milhares de simpatizantes em um enlameado terreno de Nova Délhi. O primeiro-ministro Manmohan Singh pediu, sem sucesso, que o ativista aceite pelo menos uma alimentação intravenosa, e convocou uma reunião entre vários partidos para discutir uma solução para o impasse.
A campanha de Hazare mobiliza especialmente a emergente classe média local, cansada da rotina de subornos no país, que tem a terceira maior economia da Ásia. Dezenas de milhares de pessoas já saíram às ruas em apoio ao ativista, nos mais intensos protestos sociais na Índia desde a década de 1970.
"Só perdi seis quilos e um pouco do meu rim está afetado, mas isso não é nada preocupante", disse Hazare - cuja figura, de óculos e todo de branco, evoca a do líder nacional Mahatma Gandhi - a seguidores no terreno conhecido como Ramlila Maidan, ao lado da velha cidade murada de Délhi. "Até que o governo aceite todas as condições, não recuarei. Mesmo que eu tenha de morrer."
O governo tem oferecido concessões para endurecer o projeto de lei anticorrupção, mas até agora sem conseguir encerrar o impasse. Em carta aberta a Hazare, Singh disse: "Nos últimos dias, tenho observado com crescente preocupação o estado da sua saúde. Na pior das hipóteses, nossos caminhos e metodologias podem diferir, embora eu acredite que mesmo essas diferenças têm sido exageradas."
As autoridades podem alimentar Hazare à força, mas isso geraria o risco de inflamar ainda mais a multidão que apoia o ativista.