Missão internacional

Brasil, Índia e África do Sul pedirão diálogo

Uma missão de Brasil, Índia e África do Sul, que formam o grupo Ibas, chegou a Damasco ontem e deve se reunir hoje com o governo sírio para tentar pôr fim à repressão sangrenta do regime e estimular o diálogo com os opositores, anunciou a chancelaria brasileira.

"Trata-se de uma iniciativa dos países do Ibas. O representante brasileiro já está em Damasco, onde deve se reunir com seus homólogos", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Fim da violência

A mensagem que a missão leva ao governo da Síria é "a necessidade de diálogo entre o governo e a população, a necessidade de que acabe a violência e de que haja respeito aos direitos humanos", disse a fonte.

A missão também tem por objetivo "fazer um reconhecimento da situação na Síria e a disposição do governo ao diálogo", completou.

O Ibas é um grupo informal que surgiu com o governo do ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), que pretendia impulsionar as relações e uma diplomacia entre países do hemisfério sul.

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As forças de segurança da Síria mataram ontem ao menos 17 pessoas na cidade rebelde de Deir Ez­­zor (leste) e quatro em outras localidades, segundo ativistas de direitos humanos.

O governo nega a repressão aos manifestantes civis da oposição e diz que enfrenta grupos armados que querem desestabilizar o regime. A Síria proíbe ainda a entrada de jornalistas estrangeiros, o que dificulta obter dados independentes da violência.

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O Observatório Sírio de Direi­­tos Humanos anunciou que 17 pessoas morreram na repressão em Deir Ezzor, outras duas morreram na província de Idlib (no­­roeste). Um advogado relatou ainda outras duas mortes em Ha­­ma (centro).

O regime do ditador Bashar al Assad enfrenta desde 15 de março uma onda de protestos que já matou 1,6 mil civis em todo o país. Parte da onda de revoltas iniciada na Tunísia, a revolta exige maior democracia no país.

Desde o início do mês de jejum muçulmano do Ramadã, em 1.º de agosto, as manifestações são co­­tidianas. Na segunda-feira à noite, dezenas de pessoas protestaram na área dos prédios governamentais de Damasco, segundo militantes dos direitos humanos.

O número de vítimas da repressão de ontem pode aumentar. O grupo opositor Comitês Locais de Coordenação aponta que ao menos 22 pessoas, entre elas oito crianças, morreram atingidas por disparos do Exército sírio e das forças de segurança em várias cidades da Síria.

A rede de ativistas indicou que esta é uma primeira apuração de vítimas e não descarta que o nú­­mero final aumente. Por sua vez, a Organização Nacional dos Di­­rei­­tos Humanos síria elevou para mais de 30 os mortos em todo o país.

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Mais de 300 pessoas morreram na semana passada, a mais sangrenta dos cinco meses de levante contra o governo. Deir el-Zor, em particular, foi alvo de ataques in­­tensos. A cidade fica numa área rica em petróleo, mas numa re­­gião bastante pobre da Síria.