Manifestantes se reuniram na sexta-feira no Cairo para um protesto contra a repressão militar a mobilizações anteriores, que mataram 17 pessoas e atraíram críticas internacionais aos generais que governam o Egito. Houve cinco dias de confrontos na cidade nesta semana, em meio a manifestações pedindo rapidez na transição do regime militar para um governo civil. Alguns egípcios querem a realização de eleições presidenciais até 25 de janeiro, primeiro aniversário do início da revolução que depôs o autoritário presidente Hosni Mubarak. Os militares prometem realizar a eleição presidencial em junho. A indignação contra os militares se acentuou devido a cenas de soldados usando cassetetes contra manifestantes caídos, e de mulheres sendo arrastadas e chutadas. Por outro lado, muitos egípcios se preocupam com a instabilidade persistente, e querem o fim dos protestos para permitir que a ordem seja restaurada e a economia volte a crescer. A Irmandade Muçulmana, cujo partido lidera o processo de eleição parlamentar que começou em novembro e vai até janeiro, decidiu não participar do protesto de sexta-feira. O grupo apoia o cronograma militar da transição. Pela manhã, centenas de manifestantes já estavam na praça Tahrir, epicentro da revolta contra Mubarak, aos gritos de "Abaixo o regime militar" e "Abaixo o marechal", numa alusão a Mohammed Tantawi, o chefe da junta militar. Uma enorme bandeira egípcia foi amarrada nos postes de luz do centro da praça. As manifestações tendem a ganhar força após as preces do meio-dia. Por causa da recente violência, grandes blocos de concreto foram colocados nos acessos da praça ao Parlamento, à sede do gabinete e ao Ministério do Interior.
Mais de 20 partidos, movimentos juvenis e outros grupos envolvidos na organização dos protestos divulgaram nota atribuindo a atual situação "à relutância do conselho militar em exercer seu papel, à sua demora intencional, violando suas obrigações e fracassando a respeito da economia e da segurança, colocando todo o país à beira de uma enorme crise". A nota pede punições aos membros da junta militar pelas mortes de manifestantes e maus tratos a mulheres. O Exército disse lamentar a violência, e pediu desculpas por um incidente em que uma mulher teve o sutiã e o tronco expostos ao ser arrastada por soldados e depois surrada. Os militares disseram que o caso foi isolado e está sendo investigado.
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