Ativistas cubanos mantiveram uma manifestação em Havana marcada para o dia 15 de novembro, anunciou nesta quarta-feira (13) uma de suas lideranças, apesar da ditadura ter negado um pedido de realização da iniciativa por considerá-la “ilegal”.
“Nossa decisão é que vamos marchar. Não estamos convocando. Vamos marchar e com aqueles que quiserem participar”, disse à Agência EFE o dramaturgo Yunior García Aguilera, principal nome do grupo Arquipélago, uma comunidade on-line heterogênea que propôs o ato do dia 15 de novembro.
Essa plataforma confirmou em sua conta no Twitter que “diante do autoritarismo, responderemos com civilidade e mais civilidade”, e destacou que a decisão das autoridades fez com que o presidente do Supremo Tribunal do país “parecesse ridículo” ao dizer que Cuba respeitaria o direito de manifestação.
O ato, convocado em meio a uma crise econômica e de forte descontentamento social em Cuba, exigiria a condenação da violência, o respeito aos direitos dos cidadãos, a libertação de presos políticos e soluções democráticas e pacíficas, segundo os peticionários.
O grupo pediu autorização para 20 de novembro, mas teve de adiantar o ato em cinco dias porque o governo convocou exercícios militares e o Dia da Defesa Nacional coincidiria com a data inicialmente prevista para a manifestação.
A ditadura cubana acusou os promotores desta iniciativa, sem precedentes em 60 anos, de serem apoiados por instituições e congressistas americanos que procuram uma “mudança de regime” e apoiam uma intervenção militar, algo que os ativistas negam.
Um editorial publicado nesta quarta pelo jornal oficial Granma acusa os responsáveis pela convocação de estarem acompanhados por “líderes contrarrevolucionários do chamado Conselho para a Transição Democrática de Cuba”, os quais aponta serem “a favor do golpe inconstitucional”.
No artigo intitulado “A razão é o nosso escudo”, o Granma acrescenta que os ativistas “reconheceram abertamente o recebimento de fundos do National Endowment for Democracy (NED), uma frente do governo dos Estados Unidos”.
García Aguilera negou, na véspera, ter recebido qualquer tipo de financiamento do exterior. Em Cuba, os direitos de greve e manifestação raramente são contemplados fora das instituições do Estado e um ato de oposição ao governo nunca foi autorizado.