Manifestantes voltaram às ruas de Madison, no estado americano de Wisconsin, neste domingo (8), pela terceira noite seguida contra a polícia da cidade, da qual um agente matou o jovem negro Tony Robinson Jr., 19, na última sexta (6). Mais de cem pessoas indignadas com a morte marcharam pelas ruas, carregando cartazes, batendo tambores e cantando “O povo unido jamais será vencido”.
Horas antes, outras pessoas que participavam de um evento com o objetivo de incluir crianças em ações civis protestou do lado de fora do prédio de apartamentos onde Robinson foi morto. O jovem foi baleado na noite de sexta depois que o policial branco Matt Kenny, 45 anos, respondeu a um chamado sobre um homem que estaria desviando de carros no trânsito, que supostamente teria agredido outra pessoa.
Segundo o chefe da polícia, Mike Koval, Kenny seguiu o suspeito até um apartamento, onde o agente foi atingido na cabeça. O agente então atirou no jovem desarmado, que morreu mais tarde em um hospital. Nesta segunda (9), a polícia divulgou documentos que atestam que Robinson já foi acusado de envolvimento em um roubo de uma TV e um videogame em 2014 e sofria de transtorno de deficit de atenção, ansiedade e depressão.
Em 2014, as mortes de homens negros desarmados e as consequentes absolvições dos policiais autores dos delitos deflagraram uma série de manifestações contra o uso excessivo da força por parte de policiais. Em julho, o vendedor de cigarros contrabandeados Eric Garner, 43 anos, foi morto por um policial no Brooklyn, em Nova York, que lhe deu uma gravata em uma abordagem. Um júri decidiu em novembro não indiciar o agente responsável, David Pantaleo.
Mesmo destino teve o policial Darren Wilson, que matou a tiros o jovem Michael Brown, 18 anos, em Ferguson, no Missouri, mo mês de agosto. Os protestos da cidade foram violentos e terminaram com saques e confrontos com a polícia. Na época em que os dois policiais dos casos Ferguson e Brooklyn tiveram as acusações retiradas, os policiais de Cleveland, em Ohio, mataram Tamir Rice, 12, que brincava em um parque da cidade com uma arma de brinquedo.
No último sábado (7), o presidente Barack Obama disse que as mortes de cidadãos negros desarmados por policiais no país são um exemplo de que o racismo ainda resiste. “Não precisamos do documento sobre Ferguson para dizer que isso não é verdade”, disse, fazendo referência ao informe em que o Departamento de Justiça denuncia a discriminação racial da polícia da cidade do Missouri.