Ativistas organizam uma grande marcha hoje na Praça Tahrir, no centro do Cairo, epicentro dos protestos contra o regime do agora ex-presidente Hosni Mubarak. Uma semana após a renúncia de Mubarak, os organizadores dizem que é preciso existir garantias de que haverá mudanças no país, sob o risco de o Egito cair em mais um regime autoritário.
"Os restos do velho sistema ainda estão operando na sociedade. Eles estão tentando lançar uma contrarrevolução", afirmou Mohammed Abbas, um membro da Irmandade Muçulmana e também da coalizão por mudanças. Segundo ele, agentes de segurança ainda atacam manifestantes, enquanto ativistas a favor de Mubarak buscam realizar marchas para coincidir com as realizadas pelos manifestantes pela democracia.
Os ativistas pela democracia querem que os militares trabalhem para retirar a influência do partido de Mubarak, o Democrático Nacional, sobre o país. Alguns oposicionistas também resistem em formar novos partidos agora, dizendo que é preciso antes manter a unidade do movimento, para superar os resquícios do antigo regime.
"Eu não posso me preocupar com a ideia de formar um partido político, montar escritórios e sedes e buscar financiamento enquanto ainda estamos no período de transição", afirmou Abdel-Hamid. "É hora de todos falarem a mesma língua." Os ativistas formam uma coalizão, com cinco grupos jovens e partidos políticos, incluindo a Irmandade Muçulmana. Há seculares de esquerda, liberais, muçulmanos e cristãos no grupo, que se formou durante os 18 dias de protestos contra Mubarak.
O grupo quer reformas na Constituição e a criação de um sistema parlamentar, reduzindo a autoridade do presidente. Seria uma mudança radical, em uma nação que acaba de passar por um longo período autocrático. Até o momento, porém, não se sabe se os militares ouvem suas demandas.
Seis membros dessa coalizão estavam entre os oito ativistas que se reuniram com generais no fim de semana. O Conselho Supremo das Forças Armadas dissolveu o Parlamento - uma exigência dos manifestantes - e promete eleições livres, para os militares deixarem o poder em seis meses. Mas os militares mantiveram o último governo nomeado por Mubarak, que os manifestantes querem retirar do poder e substituir por uma equipe de transição.
Os militares suspenderam a Constituição, mas não a dissolveram. Eles também nomearam especialistas para, em dez dias, elaborar mudanças no texto para permitir eleições multipartidárias. As informações são da Associated Press.