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Ato do governo colombiano e das Farc celebra entrega de armas da guerrilha

Visão geral da Zona de Normalização Transitória Mariana Paez, na Colômbia | RAUL ARBOLEDAAFP
Visão geral da Zona de Normalização Transitória Mariana Paez, na Colômbia (Foto: RAUL ARBOLEDAAFP)

Um um ato realizado nesta terça-feira (27), em Mesetas, no Departamento de Meta, o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) comemoraram a entrega de todo o armamento que estava nas mãos dos ex-guerrilheiros.  

As 7.132 armas foram, então, guardadas dentro de contêineres colocados à disposição da ONU e serão agora destruídas. Seus restos serão usados para fazer esculturas que serão instaladas em Bogotá, em Havana (onde se deram as negociações) e em Nova York, sede da organização, como símbolos do fim da guerra.  

"Por um dia como hoje, já valeu a pena ser presidente da Colômbia. É com grande emoção que constatamos o fim dessa guerra absurda de mais de 50 anos", disse Juan Manuel Santos.  

"Que a única arma das Farc agora seja a sua palavra. Não estou de acordo com suas ideias políticas, mas serei um defensor de seu direito de expressá-las de forma democrática", afirmou o presidente, dirigindo-se a Rodrigo "Timotchenko" Londoño, o líder da guerrilha.  

Este, por sua vez, em seu discurso, disse que "as Farc não estão deixando de existir, apenas iremos continuar nossa atividade pela via da democracia".  

Críticas aos acordos

Apesar do tom celebratório, porém, Timotchenko fez críticas à lentidão dos avanços em alguns aspectos do acordo de paz, que dependem de regulamentação por parte do Congresso e que estão tomando mais tempo do que o esperado por conta de pressões da oposição.  

Os mais ferrenhos críticos do acordo são os parlamentares do Centro Democrático, liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe.  

"Já se passaram mais de seis meses da aprovação do acordo, e ainda temos companheiros presos", disse Timotchenko, referindo-se ao atraso da instalação dos tribunais especiais e da entrega das anistias, segundo previa o tratado. 

Reforçou, ainda, que "são necessários avanços mais rápidos na regulamentação desses passos, da reforma agrária e de nossas garantias jurídicas. De nossa parte, estamos cumprindo o que acordamos", concluiu.  

Anistia acontece ainda neste ano

Os ex-guerrilheiros permanecerão nas 26 zonas de segurança até pelo menos 1º de agosto, quando os que foram anistiados devem voltar à vida civil, enquanto outros serão encaminhados aos tribunais especiais.  

Também em agosto ocorrerá a primeira assembleia do partido das Farc, na qual se definirão os candidatos aos dez postos no Congresso a que terão direito -cinco no Senado e cinco na Câmara dos Deputados.  

Se não conquistarem os votos necessários, os ex-guerrilheiros poderão mesmo assim ocupar essas cadeiras. O acordo garante a presença desses dez parlamentares escolhidos pelas Farc nas duas próximas legislaturas. 

 Apesar de considerar a entrega das armas uma boa notícia, a ONU sinalizou, nos últimos dias, preocupação com relação a fossas clandestinas, descobertas há pouco mais de um mês em várias regiões do país e que guardam armamento não declarado de distintas frentes das Farc. A guerrilha estima que se tratam de 900 fossas, das quais até agora apenas 77 foram esvaziadas.  

Atentado

O governo desvinculou as Farc do atentado ocorrido há mais de uma semana no Centro Comercial Andino, quando uma bomba matou três mulheres, depois que a polícia local prendeu oito suspeitos, identificados por meio de câmaras internas de segurança.  

"Foi um atentado perpetrado por aqueles que não querem que a paz se concretize", declarou.  

Segundo as autoridades locais, os suspeitos são membros do MRP -Movimento Revolucionário do Povo, uma nova organização extremista contrária ao acordo de paz, criada por ex-membros do ELN (Exército de Libertação Nacional) e militantes de oposição ao governo Santos.

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