As mulheres indianas não se surpreendem com o posicionamento dos homens do país em relação ao estupro. “Muitos homens no país pensam assim. Eles não têm qualquer simpatia, são educados de tal forma que não são capazes de sentir nada pelas mulheres. Eles pensam que as mulheres só servem para sexo e para serem jogadas fora”, disse Bhavleen Singh, 18 anos, estudante de uma universidade de Nova Déli.
Mukesh Singh, que dirigia o ônibus em que uma mulher de 23 anos foi estuprada, disse à diretora do documentário Filha da Índia que a vítima deveria ter ficado quieta e permitido o abuso sem protestar, assim eles não teriam tentado matá-la.
A brutalidade e o fato de o estupro coletivo ter ocorrido em um ônibus que circulava em um bairro de classe alta em Nova Déli alarmou a população da Índia, país onde a violência sexual é frequente.
A vítima e um amigo voltavam para casa após assistirem a um filme em um shopping center. Eles entraram em um ônibus e não sabiam que o veículo havia sido roubado e que cinco homens estavam dando voltas sem rumo com ele. Os homens bateram no rapaz e estupraram a jovem diversas vezes. Ferimentos internos graves acabaram levando a moça à morte duas semanas depois.
Preconceito entre mulheres
Mulheres na política não estão imunes ao pensamento vigente na Índia. Em 2008, quando uma jornalista foi morta a tiros enquanto dirigia para casa depois do trabalho, de madrugada, a então ministra-chefe de Nova Deli, Sheila Dixit, disse que a vítima teve culpa.
Esse homem [o estuprador] segue o exemplo que nossos governantes dão para os jovens.
Uma mulher decente não vaga pelas ruas às 9 horas da noite [...] trabalhos domésticos são para mulheres, não ficar indo em bares e boates fazendo coisas erradas, usando roupas erradas.
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