O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou os territórios palestinos ontem mais otimista com a possibilidade de um acordo de paz no Oriente Médio, e disse que a recente desavença entre Israel e os EUA pode ser a "mágica que faltava".
Lula, em entrevista coletiva conjunta com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, citou a crise diplomática provocada pela ampliação de um assentamento judaico como algo que pode abrir as portas para um acordo entre palestinos e israelenses. "O que parecia impossível aconteceu: os Estados Unidos tendo divergência com Israel. Isso era uma coisa praticamente impossível e, quem sabe, essa divergência era a coisa mágica que faltava para que se chegasse ao acordo", disse Lula a jornalistas, segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto. "Acredito que uma desavença inesperada entre dois aliados pode ser a chave do sucesso do acordo que precisa ser construído", acrescentou Lula.
Estrago
Até a noite de ontem, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tentava, sem sucesso, encontrar uma forma de consertar o estrago diplomático com seus aliados americanos pelo anúncio das 1,6 mil novas casas a serem construídas em Jerusalém Oriental. Numa reunião de emergência, Netanyahu reuniu o chamado "grupo dos sete", que inclui os mais importantes ministros do Gabinete, além de representantes do Exército e da Inteligência, para formular uma resposta sobre os assentamentos que agrade aos Estados Unidos pressionado pela insistência da base governista linha-dura em levar adiante o plano.
O Departamento de Estado dos EUA afirmou que ainda aguarda uma resposta formal sobre o impasse. Na madrugada de terça-feira, Netanyahu conversou por telefone com o vice-presidente Joe Biden e pediu desculpas pela maneira como fora anunciada a expansão de Ramat Shlomo, em Jerusalém Oriental.
Ontem Netanyahu teve ainda que se esquivar de outro constrangimento: seu cunhado, Hagai Ben Artzi, criticou o presidente Barack Obama numa entrevista à rádio militar Galei Tzahal, chamando-o de antissemita. Tentando se afastar da polêmica, o premier emitiu uma nota afirmando ter "profundo apreço pelo engajamento de Obama na segurança de Israel".
Fontes ligadas ao Gabinete afirmam que Netanyahu não vai abrir mão das construções, mas que deve buscar uma saída diplomática para a crise antes de viajar a Washington na segunda-feira, quando discursa ao grupo lobista judeu AIPAC.
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