As atividades políticas do ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que está refugiado na Argentina, têm causado preocupações nos governos da Bolívia e dos Estados Unidos.
Uma delegação da Embaixada dos Estados Unidos na Argentina foi nesta sexta-feira (27) à Casa Rosada, a sede do governo em Buenos Aires, para apresentar ao chanceler Felipe Solá uma reclamação formal pelas atividades políticas que Evo está realizando na Argentina, segundo o Infobae, citando fontes oficiais.
"Sobre o tema de Evo Morales, fizemos um chamado à Argentina para que seja um bom vizinho ao apoiar a democracia boliviana e convidamos a administração de Alberto Fernández a trabalhar para garantir que Morales não abuse de seu status na Argentina", fontes diplomáticas explicaram ao Infobae.
Evo renunciou em 10 de novembro em meio à grandes protestos em seu país. Inicialmente ele aceitou a oferta de asilo político feita pelo México e deixou a Bolívia alegando que sua vida estava em perigo. Hoje, o ex-presidente vive na Argentina como refugiado político.
Desde a chegada de Evo à Argentina, em 10 de dezembro, o Departamento de Estado dos EUA tem monitorado as suas atividades políticas e já havia relatado insatisfação ao Ministério das Relações Exteriores argentino. Para a diplomacia americana, o que parece ter ultrapassado os limites e motivado o pedido de reunião foi a decisão de Evo de fazer um comício no norte da Argentina, na fronteira com a Bolívia.
O ex-presidente havia convocado uma convenção partidária na fronteira entre Argentina e Bolívia no próximo domingo (29) para definir os candidatos do seu partido, o Movimento ao Socialismo, nas próximas eleições presidenciais da Bolívia. Evo desistiu da ideia e anunciou que a assembleia será realizada no mesmo dia em Buenos Aires. O encontro teria mudado de lugar devido a temores de que Evo seja detido caso se aproxime da Bolívia, que emitiu uma ordem de prisão contra ele.
Da Argentina e pelo telefone, Evo inaugurou no começo da semana um mercado no município de Entre Ríos, no departamento boliviano de Tarija. Autoridades do governo interino da Bolívia criticaram o ato e o classificaram como uma "usurpação de funções", segundo a imprensa boliviana.
O ministro da Presidência, Yerko Núñez, afirmou que Evo violou a Constituição ao participar do ato, no qual foi chamado de "presidente" pelas autoridades locais. "Ele não pode fazer coisas como se fosse o presidente dos bolivianos, ele é um refugiado político. Abandonou o país, incitou a sedição e não é apropriado que se passe por presidente", disse Núñes, segundo o Pagina Siete.