Após meses de atrasos, os militares dos Estados Unidos se prepararam para apresentar as acusações na sexta-feira (16) contra o soldado Bradley Manning, de 23 anos, suspeito de colocar em perigo a segurança dos EUA ao provocar o maior vazamento de documentos oficiais do governo norte-americano.
Os advogados de Manning afirmam que os documentos que seu cliente entregou ao website WikiLeaks provocaram poucos danos. O caso levou a um movimento internacional de apoio a Manning. Para os acusadores, Manning é um traidor, que subverteu seu juramento de lealdade aos EUA ao deliberadamente tornar públicos os centenas de milhares de documentos secretos.
Manning deverá comparecer à audiência de pré julgamento no forte Meade, Estado de Maryland, na sexta-feira. A base militar é a sede do Comando Cibernético das Forças Armadas dos EUA. A audiência deverá durar o final de semana inteiro e poderá se estender pela próxima semana. O pré julgamento decidirá se Manning irá à Corte Marcial ou não. Se for, enfrentará um julgamento no qual poderá ser sentenciado à prisão perpétua. O governo dos EUA disse que no caso do soldado ir a julgamento, não pedirá a pena de morte.
Desafortunadas
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que as supostas ações de Manning foram prejudiciais e desafortunadas. "Eu acho que numa época onde tanta informação viaja pelo espaço cibernético, todos nós precisamos ter consciência de que algumas informações são sensíveis. Elas afetam a segurança das relações e dos indivíduos e por isso merecem ser protegidas. Nós continuaremos a tomar os passos necessários para isso", disse Hillary.
A grande ausência na base militar de Meade será o australiano Julian Assange, fundador do website WikiLeaks e que publicou as milhares de informações do governo dos EUA supostamente entregues a ele por Manning. Assange luta no momento, na Grã-Bretanha, contra um pedido de extradição feito pela Suécia, onde ele é acusado de violência sexual contra duas mulheres. O governo dos EUA estuda no momento se indiciará Assange por espionagem.
A primeira grande publicação de documentos oficiais dos EUA pelo WikiLeaks aconteceu em julho de 2010. Foram publicados 77 mil arquivos militares sobre a Guerra do Afeganistão, que fizeram manchetes mundiais. Mas o material forneceu apenas revelações localizadas, como mortes de civis afegãos não reportadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e operações secretas contra o Taleban.
Um mês mais tarde, o WikiLeaks publicou centenas de milhares de telegramas diplomáticos do Departamento de Estado do governo, revelando um mundo escondido por trás dos palcos da diplomacia americana.
No mês passado, 54 deputados do Parlamento Europeu assinaram um documento, enviado ao governo americano, manifestando preocupações com o longo período de detenção de Manning sem julgamento. Manning está preso em isolamento há 18 meses.
As informações são da Associated Press.