A agência de drogas da União Europeia (UE) alertou em seu último relatório anual sobre o crescimento "muito rápido" da produção de substâncias que imitam entorpecentes tradicionais e que muitas vezes são vendidas de maneira legal, sem que sua composição química real seja conhecida.
O relatório do Observatório Europeu de Droga e Toxicomanias (OEDT), divulgado ontem, adverte que o mercado de entorpecentes está "mais fluído e dinâmico", com a internet representando desafios "cada vez maiores".
O organismo apontou que, enquanto o consumo de cocaína e heroína segue em queda e o de maconha se mantém estável, em 2013 se detectou a aparição de uma dessas novas substâncias psicotrópicas a cada semana.
As novas drogas mudam tão rapidamente como seus fabricadores e costumam ser vendidas no mercado ilegal. No entanto, por seu difícil controle, muitas vezes são distribuídas de forma mais aberta e até mesmo legalmente.
Essas novas drogas podem provocar um salto no consumo, como é o caso da mefedrona, conhecida como "miau miau" e vendida livremente em alguns países europeus como fertilizante vegetal.
A maioria destes produtos são misturas baseadas em substâncias procedentes da maconha e outros grupos químicos menos conhecidos, segundo o documento, que reconheceu a falta de dados farmacológicos e toxicológicos precisos.
Apesar das dificuldades para conhecer a composição das substâncias, o organismo frisou que existem cada vez mais dados que comprovam que seu uso causa problemas para a saúde e que se registraram inclusive casos de morte associada ao consumo.
Outro aspecto apontado pelo relatório foi a facilidade de difusão que as drogas ganharam com a internet. Segundo o OEDT, a rede mundial cria uma nova relação entre o consumo e a oferta de drogas com a proliferação de provedores no varejo.
Em relação às drogas mais tradicionais, a agência reiterou os padrões dos últimos anos, com um alto consumo de maconha, mas estável, frente à tendência decrescente de uso de heroína e cocaína.
Crise
O OEDT descartou que possa haver uma alta do consumo destas substâncias em função do aumento do desemprego juvenil, da crise econômica e dos cortes em serviços públicos.
Como novidade, a agência alertou para uma maior diversidade de produtos procedentes da maconha, com a proliferação cada vez maior de variedades de "alta potência" e produtos sintéticos similares.
Sobre a heroína, o consumo se concentra principalmente em grupos de pessoas mais velhas e se observa uma redução de infecções de HIV causadas pelo uso droga.
Entre as drogas sintéticas, a anfetamina e o êxtase são as mais consumidas, embora esta tenha perdido popularidade.