Violentos confrontos prosseguiam ontem, pelo quinto dia consecutivo, entre a polícia e milhares de egípcios que exigem a saída dos militares do poder, apesar da promessa do chefe das Forças Armadas de organizar uma eleição presidencial em meados de 2012.
Pela primeira vez desde o início dos confrontos, médicos relataram mortes por balas de verdade. Pela manhã, três pessoas morreram, o número de mortos subiu para 35 desde sábado.
O grande imã de Al-Azhar, mais alta instituição do islã sunita com sede no Cairo, pediu à polícia que não disparasse mais contra os manifestantes, e que o Exército evitasse os confrontos "entre os filhos do mesmo povo".
O imã Ahmed al Tayeb também chamou "nossos filhos na Praça Tahrir e em todas as praças do Egito a conservar o caráter pacífico de sua revolução (...) e proteger os bens públicos e privados.
Também houve confrontos em Alexandria, Suez, Qena (centro), Assiut e Aswane (sul) e na província de Daqahliya, no delta do Nilo.
A alta comissária da ONU para os direitos Humanos, Navi Pillay, pediu uma investigação "rápida, imparcial e independente" sobre a violência. Muitos militantes egípcios acusam os policiais de mirarem o rosto dos manifestantes, vários entre eles perderam a visão.
Pressionado, o marechal Hussein Tantawi, chefe de Estado de fato, afirmou que organizará uma eleição presidencial antes do fim de junho de 2012. Ele disse estar pronto para passar o poder adiante caso um eventual referendo decida por isso.
Os manifestantes, determinados a continuarem em Tahrir até o fim, não acreditam nas palavras do marechal, que foi ministro da Defesa do antigo regime e que é muito comparado com seu mentor, Hosni Mubarak.
"Está claro que a mesma pessoa que escrevia os discursos do ex-presidente Mubarak é a mesma que escreve os discursos do marechal", ironiza o Movimento dos Jovens do 6 de abril em um comunicado.
A Irmandade Muçulmana, que representa a força política melhor organizada do país, boicotou a manifestação da Praça Tahrir e ontem pediu calma.