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América do Sul

Aumenta pressão contra Maduro

Protesto contra os decretos de Maduro | FEDERICO PARRA/AFP
Protesto contra os decretos de Maduro (Foto: FEDERICO PARRA/AFP)

A oposição venezuelana redobrou nesta quinta-feira a pressão internacional para abrir caminho a um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, que ameaçou decretar estado de “comoção interna” para o caso de atos de violência.

O líder opositor Henrique Capriles e o presidente do Parlamento – de maioria opositora –, Henry Ramos Allup, se reuniam a portas fechadas com o ex-presidente do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha) e com o ex-presidente panamenho Martín Torrijos.

Maduro realizou na noite de quarta-feira um encontro com os dois ex-presidentes, que chegaram em meio à intensificação da crise política na Venezuela, onde está em vigor um estado de exceção declarado pelo presidente na última sexta-feira.

Os ex-governantes acompanham uma “comissão da verdade” criada por Maduro, a pedido da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em contrapartida de uma anistia exigida pela oposição.

Após um dia de protestos na quarta-feira, Maduro advertiu ter preparado um decreto de “comoção interna” que será utilizado se forem desencadeados atos “golpistas violentos”, o que implicaria restrições às liberdades civis.

“Não hesitarei em decretá-lo se for necessário para combater pela paz e pela segurança deste país”, disse.

Os opositores exigiram o revogatório na quarta-feira em protestos em 23 cidades convocadas pela coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), que deixaram trinta detidos, segundo a oposição e ONGs de direitos humanos, e sete policiais feridos.

Durante a noite foram ouvidos panelaços de protesto em vários setores de Caracas. “E retumbam as panelas, não venha depois com o choro dizendo que querem te derrubar, Nicolás Maduro, o povo quer te revogar”, disse Capriles.

Embora os protestos não tenham atraído multidões, nas ruas aumenta o mal-estar diante da dramática escassez de comida e remédios e do alto custo da vida, já que a Venezuela tem a inflação mais alta do mundo (180,9% em 2015 e projetada pelo FMI em 700% para 2016).

“Esta situação é muito crítica, parece que não tem solução, isso demora a se acomodar. Eu assinei (para ativar o revogatório), mas não fui ao protesto, prefiro ficar protegida”, afirmou uma empregada doméstica de 55 anos que pediu para ter sua identidade preservada.

Ainda estão frescas na memória as manifestações de 2014 - quando 43 pessoas morreram - convocadas pelo líder opositor radical, Leopoldo López, condenado a 14 anos de prisão.

No âmbito do estado de exceção, rejeitado na terça-feira pelo Parlamento de maioria opositora, 519.000 militares e milicianos farão exercícios de defesa na sexta-feira e no sábado.

“Querem fazer grandes mobilizações militares para que as pessoas sintam medo (...) Fazer isso com a desculpa das ameaças externas é uma boa maneira de demonstrar” que está a postos, disse à AFP Benigno Alarcón, diretor de estudos políticos da Universidade Católica Andrés Bello.

No foco internacional

Os opositores exigem que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de ser aliado do regime, acelere a revisão de um mínimo de 200.000 assinaturas - exigidas por lei - de um total de 1,8 milhão entregues no dia 2 de maio como requisito para ativar o referendo revogatório.

A oposição quer o revogatório neste ano, já que, se ele for realizado após 10 de janeiro de 2017 - quando são completados quatro anos do atual mandato - e Maduro perder, os dois anos restantes ficariam a cargo do vice-presidente, designado pelo presidente. Se a consulta for realizada antes, são realizadas eleições.

De acordo com a empresa de pesquisas Datanálisis, 70% dos venezuelanos apoiam uma mudança de governo. Para revogar Maduro, a oposição precisa de uma votação de mais de 7,5 milhões de pessoas, número com o qual o governante foi eleito em abril de 2013.

Maduro alega que a oposição busca justificar uma intervenção dos Estados Unidos, e para isso pretende gerar violência, propagar a ideia de que na Venezuela há uma crise humanitária e faz lobby no exterior.

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