O Exército dos Estados Unidos divulgou, neste domingo, que cinco iranianos detidos no Iraque têm ligação com a Guarda Revolucionária, que estaria fornecendo armas e recursos a militantes no Iraque. Entretanto, Teerã disse que os cinco são diplomatas e exigiu sua libertação imediata. O Iraque disse que a missão ainda não tinha status consular, mas que estava operando de modo legítimo.
Os cinco foram presos em um ataque dos EUA contra um escritório do governo iraniano na cidade curda de Arbil, na quinta-feira. O governo iraniano quer ainda que os Estados Unidos paguem uma indenização pela destruição do seu consulado, na cidade iraquiana, por soldados americanos. Estados Unidos e Irã não têm relações diplomáticas há mais de duas décadas.
- As tropas americanas têm que libertá-los o mais rápido posível e pagar uma indenização pelos danos causados ao consulado - afirmou o porta-voz do governo iraniano, Mohamad Ali Huseini.
Em visita pelo Oriente Médio, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice repetiu as acusações de Washington de que o Irã está fornecendo treinamento e armas a milícias que lutam contra as forças dos EUA no Iraque. Já o governo iraniano rebateu as declarações de Condoleezza e considerou que as visitas da secretária pelo Oriente Médio têm como objetivo formar uma aliança contra o Irã. Para o porta-voz do governo iraniano, os Estados Unidos tentam criar "tensão e anarquia" na região, para prejudicar as relações entre o Iraque e o Irã, mas que o governo iraniano tratará da prisão com sensatez, utilizando-se de meios políticos.
- Rice tem que saber que não é possível formar um bloco ou aliança contra o Irã nesta região - disse.
Huseini afirmou ainda que a prisão é uma ação unilateral e desrespeita leis internacionais:
- A missão dos funcionários (detidos) é simplesmente questão consular e está em conformidade com as leis.Advertência ao Irã
O presidente americano, George Bush, já emitiu uma advertência ao Irã sobre suas atividades no Iraque. Há a preocupação de que o conflito entre os Estados Unidos e o país possa aumentar, enquanto Washington se prepara para enviar mais tropas ao Iraque para tentar acabar com a violência sectária no país, apesar de a maioria dos americanos estarem contra o envio de mais soldados. No sábado, Bush chegou a admitir que decisões dos Estados Unidos desestabilizaram o Iraque.
A operação no Consulado do Irã foi denunciada pelo governo local como uma violação à sua soberania. Ela expõe os desafios que Bagdá enfrenta em manter um equilíbrio entre Washington, enquanto tenta construir relações com países vizinhos que são acusados pela administração Bush de incitar violência no Iraque. Neste domingo, o presidente iraquiano, Jalal Talabani, segue em visita oficial à Síria - a primeira de um chefe de estado do Iraque em mais de três décadas. O país é acusado pelo governo de Bush de permitir o trânsito de armas e combatentes na sua fronteira com o Iraque, para apoiar a insurgência contra os Estados Unidos no país.