Dois estudos publicados na última edição da revista "Science" mostram as conseqüências do aquecimento global para o meio ambiente, em especial para as regiões mais geladas do planeta.
O primeiro, desenvolvido pelo Centro de Investigações do Espaço da Universidade do Texas, sugere que o degelo na Groenlândia triplicou nos últimos anos, causando perdas anuais de aproximadamente 240 quilômetros cúbicos de gelo. O segundo, realizado por um grupo internacional de pesquisadores, mostra que, ao contrário do que se esperava, a precipitação de neve na Antártida se manteve constante nos últimos 50 anos. Alguns cientistas acreditavam que o acúmulo de neve na região poderia aliviar os efeitos do derretimento acelerado do gelo em outras partes do mundo.
Segundo Jianli Chen, líder da equipe da Universidade do Texas, o seu trabalho confirma os resultados obtidos por investigações anteriores, que indicam que os efeitos do aumento da temperatura atmosférica são sentidos em todo o planeta.
- A Groenlândia derrete em ritmo acelerado, cerca de três vezes a velocidade registrada antes de 2004 - afirmou o pesquisador.
Para determinar a quantidade de gelo derretido na região, os cientistas liderados por Chen utilizaram dados obtidos pelo satélite GRACE do programa Experimento Climático e de Recuperação da Gravidade. Durante três anos e sete meses, eles compararam as variações de gravidade registradas mensalmente sobre a superfície da Groenlândia e concluíram que a perda anual chega a 240 Km3, o provocaria um aumento do nível do mar de até 0,6 milímetros.
- Esta cifra é muito maior do que havia sido calculado até agora, mas seu efeito só deve ser sentido dentro de cinqüenta anos - afirmou o especialista.
Depois da Antártida, a Groenlândia é a segunda maior massa gélida do planeta e contém cerca de 10% de toda a massa de gelo existente no planeta.
- Isso ocorre em todas as partes e é possível que também no Alaska - afirmou Chen.
No entanto, o pesquisador descarta a possibilidade de um perigo imediato para os territórios do planeta que se elevam muito pouco sobre o nível do mar, como a península da Flórida ou as ilhas Maldivas, no Oceano Índico.
O outro estudo publicado pela "Science", realizado por um grupo internacional de pesquisadores, indica que nos últimos anos a acumulação de neve na Antártida se manteve constante. Essa conclusão joga por terra outros estudos que afirmavam que a neve estava se acumulando na região e que esse fenômeno poderia aliviar o derretimento acelerado do gelo em outras partes do mundo.
A constatação foi feita por Andrew Monaghan, da Universidade Estatal de Ohio, e cientistas americanos, russos, australianos, noruegueses, alemães e italianos, que juntos analisaram os níveis de precipitação de neve em 16 zonas da Antártida durante os últimos 50 anos. Monaghan indicou que durante esse período não foram registradas mudanças significativas na queda de neve na Antártida.