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Dezenas de caranguejos, três pequenos tubarões e uma grande variedade de peixes menores se espalham no convés escorregadio do barco de pesca "Verdadeira Prosperidade" enquanto o capitão Shohei Yaoita encerra sua última jornada, uma nova pesca que não se destina à mesa de jantar, mas a um ensaio radioativo.

O governo do Japão proibiu a pesca comercial nesta área, cerca de 200 quilômetros a nordeste de Tóquio, depois do devastador tsunami de 2011 e das explosões e o derretimento do reator na usina nuclear de Fukushima Daiichi, situada nas proximidades.

Depois do desastre, a operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co, ou Tepco, tem se empenhado em evitar que a água radioativa usada para resfriar o reator danificado vaze para o solo ou o mar.

As paredes de um mercado outrora movimentado, no qual Yaoita vendia linguado, bodião e outras espécies marinhas, no porto de Hisanohama, cerca de 20 km ao sul da usina, permanecem em ruínas.

"Nós costumávamos ser tão orgulhosos do nosso peixe. Eram famosos em todo o Japão e nós nos sustentávamos de um modo decente com eles", disse Yaoita, de 80 anos, que sobreviveu ao tsunami transpondo as ondas e levando seu barco, de seis pessoas, com segurança.

"Agora, a única coisa que temos para fazer é a amostragem."

Com os ombros caídos após anos de trabalho duro, Yaoita está feliz por estar de volta tirando peixe de uma rede de 330 metros. Como muitos pescadores mais jovens, ele não sabe com certeza quanto tempo poderá trabalhar nisso.

Os pescadores e a Tepco estão em conflito sobre os planos da concessionária de despejar diariamente no mar 100 toneladas de águas subterrâneas da usina devastada. O complicado plano de limpeza de Fukushima pode levar 30 anos ou mais.

O desafio da Tepco é o que fazer com a água contaminada que foi juntando na planta, em média 400 toneladas por dia, quantidade suficiente para encher uma piscina olímpica de natação em uma semana.

Até agora a empresa vem se apressando em construir tanques para armazenar a água contaminada no terreno das instalações da planta, onde toda a água é mantida no momento.

A empresa também pediu pescadores que apoiem um plano de construção uma passagem que permita despejar as águas subterrâneas no mar antes que ela seja contaminada pelos destroços do reator.

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