Ocupação
Iraque teve em novembro menor número de civis mortos em seis anos
Folhapress, em São Paulo
Bagdá - Após seis anos de uma guerra violenta, o Iraque registrou um dado positivo. Novembro foi o mês com o menor número (88) de civis mortos em decorrência da violência desde a ocupação em 2003, anunciaram ontem os Ministérios da Saúde, Interior e Defesa. Segundo as estatísticas elaboradas pelo governo, neste mesmo período 22 policiais e 12 soldados iraquianos morreram.
Além disso, 11 soldados americanos morreram em novembro, totalizando 4.364 homens dos Estados Unidos mortos no Iraque desde a ocupação do país.
No mesmo período, 432 pessoas foram feridas (332 civis, 56 policiais e 44 soldados).
O governo registrou ainda 38 militantes terroristas mortos e outros 510 presos. No mês de outubro, o número salta para 343 pessoas mortas das quais 155 foram vítimas de um duplo atentado suicida contra os prédios do Ministério da Justiça e do governo de Bagdá. Nesse ataque, pelo menos outras mil pessoas ficaram feridas.
Washington - A decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de enviar novos reforços ao Afeganistão representa um enorme custo humano e financeiro para o país em guerra em duas frentes há oito anos. O estresse nas forças armadas é uma realidade, alidado a um déficit orçamentário já vertiginoso.
As baixas cada vez maiores entre os militares dos Estados Unidos na luta contra os rebeldes, que lançam bombas artesanais destruidoras fazem crescer a desaprovação da guerra na opinião pública. Quase 800 já morreram no Afeganistão e o mês de outubro foi o mais sangrento desde o início do conflito no final de 2001, com 74 soldados norte-americanos mortos.
Anthony Cordesman, especialista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), "o presidente Obama deve preparar os EUA e o mundo para o fato de que o número de vítimas norte-americanas e de aliados, afegãos e paquistaneses, vai certamente dobrar ou triplicar antes da vitória".
O exército também sofre hoje com uma taxa alarmante de suicídios, de depressões e traumatismos. Desde o início deste ano, já foram registrados 140 suicídios em suas fileiras, ou seja, o mesmo que em 2008, e esse número deve bater um novo recorde em 2009.
Apesar dos pontos negativos, segundo o chefe do Estado-maior Mike Mullen, as forças armadas não foram alvo de nenhuma crítica entre a população americana. No entanto, em plena crise econômica, o aspecto financeiro da guerra atiça a impaciência da opinião pública: a conta do comprometimento dos EUA no Iraque e no Afeganistão deve chegar este ano a US$ 1 trilhão, enquanto as duas guerras já custaram R$ 768,8 bilhões ao contribuinte, segundo o Pentágono. O custo médio das operações norte-americanas no Afeganistão já passou dos US$ 3 bilhões por mês e promete aumentar.
Enviar soldados e material ao território afegão, particularmente difícil e pobre em infraestrutura, custa mais caro do que no Iraque. Segundo o Pentágono, o envio de um soldado ao Afega nistão e sua manutenção custa US$ 500 mil ano ano. Já para especialistas da Casa Branca, esse preço é mais próximo de US$ 1 milhão.
A conta dos custos da guerra pode contribuir para um aumento ainda maior do enorme déficit público norte-americano, o que preocupa a bancada democrática do Congresso, voltada, atualmente, para fazer aprovar uma caríssima reforma da saúde.
Os partidários de um aumento do contingente norte-americano no Afeganistão reconhecem que uma decisão desse tipo vai pesar nas costas de um exército cansado. Mas, segundo Steve Biddle, especialista do Centro de Relações Exteriores (CFR), uma derrota contra os talebãs representariam um golpe ainda mais duro para os militares norte-americanos. "O exército dos Estados Unidos levou tempo para se recuperar dos efeitos de nosso fracasso no Vietnã. Estamos, portanto, confrontados a um verdadeiro dilema", diz.
O anúncio do envio de mais 30 mil soldados ao Afeganistão seria feito ontem à noite por Obama, na Casa Branca.