A atriz norueguesa Liv Ullman faz reverência em frente da foto de Liu| Foto: Odd Andersen/AFP

Censura

Comitê diz que China é "ditadura"

Durante a entrega do Nobel da Paz em Oslo, na Noruega, o presidente do comitê da premiação, Thorbjoern Jagland, lamentou a ausência do dissidente chinês Liu Xiaobo e classificou a China como uma ditadura, embora tenha ressaltado os avanços econômicos do país.

"Felicitamos Liu Xiaobo pelo Prêmio Nobel da Paz 2010", disse o presidente, seguido de mais de um minuto de aplausos de pé de todas as autoridades presentes, incluindo os reis da Noruega.

Mais cedo nesta semana o Comitê do Nobel defendeu a concessão do prêmio ao dissidente, dizendo que se baseou em "valores universais" e rejeitando a acusação de Pequim de que esteja tentando impor ideias ocidentais à China.

A China conservou o tom combativo na véspera da cerimônia de entrega do prêmio, em Oslo, e anunciou a concessão de seu próprio "Prêmio Confúcio da Paz" ao ex-vice-presidente de Taiwan Lien Chan, embora o gabinete dele tenha dito que ele não tinha conhecimento do prêmio.

Em retaliação à entrega do Nobel, o governo chinês pediu para que 18 países não participassem da premiação.

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Oslo - Pela primeira vez em 74 anos, o Prêmio Nobel da Paz foi entregue simbolicamente a uma cadeira vazia. Seu ganhador, o dissidente chinês Liu Xiaobo, não pôde receber o prêmio de US$ 1,4 mi­­lhão de dólares em Oslo, capital da Noruega.

Ativista pela democracia, ele cumpre pena de 11 anos de prisão, acusado de subversão. Há dois anos, foi um dos organizadores do manifesto Carta 08, em que intelectuais e ativistas pediram reformas abrangentes na China – inspirando-se na Carta 77, movimento pró-democracia na Tchecoslováquia, dos anos 70.

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Liu já havia passado 20 meses detido por sua participação nas manifestações da Praça da Paz Celestial (ou Tiananmen) e ou­­tros três anos num campo de reeducação, nos anos 1990.

Essa é a primeira vez que o Prêmio Nobel da Paz não é entregue desde 1936, quando Adolf Hitler impediu que o pacifista alemão Carl von Ossietzky fosse à cerimônia.

Em Pequim, oficiais guardavam a entrada do edifício onde vive a mulher de Liu, Liu Xia.

Ela está em prisão domiciliar desde outubro, quando foi anunciado que seu marido receberia o prêmio. O policiamento foi in­­tensificado, e o telefone e a internet dela foram cortados.

Em conversa com sua mulher, Liu disse que o Nobel a ele concedido é um tributo a todos os mortos em 1989 por soldados em Tia­­nanmen.

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Censura

Sites noticiosos estrangeiros fo­­ram suspensos e programas das redes CNN e BBC foram bloqueados quando reportagens sobre Liu eram mostradas na China.

As palavras "cadeira vazia’’ e "Oslo’’ foram censuradas pelo governo nos sites do país.

A possibilidade de escrever as palavras-chave "cadeira vazia’’, "tamborete vazio’’ ou "Oslo’’ es­­ta­­va bloqueada no site Renren -o equivalente chinês do Facebook.

Desafiando a censura, internautas criaram uma rede de fotos de vários tipos de cadeiras vazias, em referência ao Nobel.

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Durante a premiação, a atriz norueguesa Liv Ullmann leu um trecho do depoimento de Liu no seu julgamento, que ocorreu em dezembro do ano passado.

"Não tenho inimigos e ne­­nhum ódio. Nenhum dos policiais que me monitoraram, prenderam e interrogaram, nenhum dos promotores que me indiciaram, e nenhum dos juízes que me julgaram são meus inimigos’’, disse.