A Justiça brasileira foi informada sobre os maus tratos à menor austríaca S., de 4 anos, e ao seu irmão R., de 12 anos, 19 dias antes da morte da menina. No dia 24 de abril, um ofício dos advogados do pai das crianças, o austríaco Sascha Zanger, informou à 27ª Vara Federal do Rio de Janeiro que as crianças estavam abaixo do peso e estressadas em razão do suposto desajuste emocional da tia de S., Geovana dos Santos e da filha dela Lílian dos Santos. As duas foram indiciadas pela polícia por tortura com resultado morte, mas continuam em liberdade.
"Antes da Páscoa vi minhas crianças desnutridas, com roupas sujas e sapatos furados. Minha filha tinha uma marca roxa na testa. Geovana falou que foi um acidente. Rafael tinha muitos quilos a menos. Minha filha morreu com 14 quilos. Escrevemos outros relatórios à Justiça sobre as condições físicas deles. Acho que o juiz não estava lendo nada, não estava se preocupando. A primeira vez que vi este juiz foi no dia da morte da minha filha. Meu grande erro foi confiar na Justiça brasileira", lamentou Zanger.
A Justiça Federal no Rio de Janeiro informou que não vai se manifestar sobre a denúncia porque o processo corre em segredo de justiça. A menina morreu no dia 19 de junho no Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense). Uma semana antes, ela foi levada por Lílian e uma vizinha à Unidade de Pronto Atendimento de Santa Cruz, na zona oeste do Rio, em coma, com um trauma cranioencefálico e o corpo repleto de hematomas.
A menina e o irmão foram trazidos pela mãe, Maristela dos Santos que tem problemas neurológicos, para o Brasil em janeiro de 2008 sem a autorização de Zanger, que lutava na Áustria pela guarda das crianças. O ex-marido tentou por um ano e meio sem sucesso na Justiça brasileira levar os filhos de volta. No Rio, Maristela foi morar com a irmã Geovana em dezembro do ano passado. A irmã a expulsou de casa no mês seguinte e obteve a guarda provisória das crianças.
Sascha Zanger deve voltar para Áustria esta semana com o filho. Ele aguarda apenas o parecer da 27ª Vara Federal para obter a guarda do menino. Um representante do Conselho Tutelar austríaco acompanhará a viagem. R. passará por uma avaliação psicológica na Áustria. "Meu filho está bem, mas sei que precisará de ajuda psicológica por um bom tempo. R. diz que a irmã morreu para ele ser feliz'", revelou Zanger. A mãe das crianças foi internada em um hospital psiquiátrico.
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