O opositor Etienne Tshisekedi, que se auto-proclamou presidente eleito da República Democrática do Congo depois de rejeitar a reeleição de Joseph Kabila, "jurou" nesta sexta-feira (23) em sua casa de Kinshasa, enquanto a polícia reprimia uma manifestação de seus seguidores.
Pela manhã, as autoridades declararam proibida a manifestação prevista para acontecer no Estádio dos Mártires às 10h (7h de Brasília), durante a que Tshisekedi, de 79 anos, devia "jurar" seu cargo diante do povo congolês, como ele havia anunciado desde o domingo.
"Não haverá manifestação, ela está proibida. Já temos um presidente eleito que fez o juramento. Não se pode fazer mais um juramento, isso é um ato de subversão. Precisamos impedir este ato contrário à Constituição", declarou à AFP uma fonte próxima do chefe da polícia.
"O Congo não votou por Kabila. Eles nos tratam como se fôssemos estrangeiros. O presidente legítimo é Etienne Tshisekedi, e é nele que votamos. Nós escutamos a voz de nosso presidente e queremos entrar no estádio. Não podemos ter dois presidentes no Congo", explicou um homem de aproximadamente 30 anos à AFP, na porta do estádio.
Tshisekedi se auto-proclamou "presidente eleito" depois de rejeitar o resultado das eleições presidenciais do dia 28 de novembro, marcadas por irregularidades denunciadas pelos observadores e vários países.
O presidente que deixa o cargo, Joseph Kabila foi oficialmente reeleito com 48,95% dos votos contra 32,33% de seu opositor em segundo lugar, na frente de outros nove candidatos.
O chefe de Estado, reeleito para um segundo mandato de cinco anos pela Corte Suprema de Justiça, foi empossado na terça-feira quando fez juramento em Kinshasa.
As forças de ordem rapidamente bloquearam o bairro Limete, onde fica a casa de Tshisekedi, não muito longe de onde está a sede de seu partido, a União pela Democracia e o Progresso Social (UDPS).
Os jornalistas foram impedidos de se aproximar da residência do opositor e os agrupamentos de partidários foram dispersos pela polícia, que utilizou gás lacrimogêneo e realizou prisões.
À tarde, impedido de chegar ao estádio dos Mártires,Tshisekedi fez o juramento, como presidente do país na sua própria casa, na presença de várias dezenas de partidários e responsáveis políticos e da oposição, constatou um jornalista da AFP.
Antes de começar o ato, seu chefe de gabinete, Albert Moleka leu uma declaração em que afirmou que a RD do Congo passava "do regime oligárquico dirigido por Kabila e seu entorno a um realmente democrático, onde o povo congolês escolheu um presidente da república por meio das urnas".
Em seguida, Tshisekedi jurou seu cargo com a mão direita levantada e a esquerda sobre uma bíblia.
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