O relatório preliminar da autópsia de Alberto Nisman concluiu que o promotor argentino morreu nessa segunda-feira (19) em consequência de um tiro na cabeça. A promotora Viviana Fein, que investiga a morte de Nisman, recebeu um relatório preliminar que assinala que o corpo tinha um orifício de bala com entrada no parietal direito e perda de massa encefálica. A bala entrou dois centímetros acima da orelha pelo osso parietal direito da cabeça.
Os peritos confirmaram que a bala que matou o promotor argentino foi disparada pela pistola de calibre 22 encontrada ao seu lado em sua casa, em Buenos Aires (leia ao lado). A Justiça espera que o Registro Nacional de Armas (Renar) esclareça se a pistola achada pelos investigadores é uma das duas armas registradas no nome do promotor.
A morte de Alberto Nisman, promotor que investigava o atentado contra o centro judaico Amia que deixou 85 mortos em 1994, tinha denunciado a presidente argentina, Cristina Kirchner, de acobertar os suspeitos do ataque, comoveu a sociedade argentina.
Investigação
Durante a tarde, o juiz federal argentino Ariel Lijo reassumiu nesta segunda-feira (19) suas funções e estabeleceu medidas urgentes para proteger as provas vinculadas com as escutas telefônicas em que o promotor Alberto Nisman, encontrado morto na manhã dessa segunda, fundamentou sua denúncia contra a presidente, Cristina Kirchner, de acobertamento no caso Amia com possível envolvimento do Irã. Lijo enviou uma equipe à sede da unidade que investiga o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994 para "apreender e assegurar todos os discos compactos onde estão gravadas os grampos telefônicos e toda a documentação detalhada na denúncia", indicou o Centro de Informação Judicial (CIJ) em seu site.
Além disso, o juiz solicitou que a investigação do atentado à Amia inclua "todos os antecedentes e documentação vinculados aos grampos dessas linhas telefônicas", acrescentou o CIJ. O magistrado decidiu interromper suas férias de verão e analisar com urgência a denúncia de Nisman, em meio a comoção da sociedade argentina pela morte do promotor, que foi encontrado com um tiro na cabeça em sua casa em Buenos Aires nesta madrugada.
A juíza María Servini de Cubría, interinamente a cargo do tribunal de Lijo, tinha decidido na quinta-feira não interromper o recesso judicial para que a denúncia fosse tramitada durante as férias de verão por considerar que a ação não estava acompanhada de "elementos probatórios" suficientes.
Cristina ee vários de seus colaboradores foram acusados na quarta-feira (14) por Nisman de acobertar os terroristas iranianos responsáveis pelo atentado ao centro judaico, que causou a morte de 85 pessoas em 1994.
Opositores pedem investigação rápida em caso de promotor morto
Políticos de oposição na Argentina afirmaram que o mais importante para o país é que a investigação sobre a morte do promotor Alberto Nisman, encontrado morto na madrugada desta segunda (19) seja rápida. Maurício Macri, prefeito da cidade de Buenos Aires e pré-candidato presidencial, afirmou que a solução do crime deve ser um marco, "um antes de um depois". Ele afirmou que o caso prejudica o país internacionalmente. "A Argentina não pode aparecer nos jornais do mundo com o título 'promotor que denunciou presidente aparece morto'".
Macri convocou uma entrevista coletiva para expor o que pensava sobre o caso. A senadora Gabriela Michetti, que pertence ao mesmo partido de Macri, estava presente e afirmou que a investigação sobre o atentado que aconteceu em 1994, agora, corre risco. Ela também pediu para que a solução sobre a morte de Nisman seja apresentada rapidamente.
Um opositor de um outro partido, Ernesto Sanz, senador e pré-candidato à presidência pela União Cívica Radical, afirmou em uma entrevista a uma rádio que "esse é o acontecimento mais grave desde a volta da democracia". Ele disse que o contexto é de debilidade institucional e que a investigação deve ser "rápida e certeira, porque isso pode gerar muitas conjecturas na sociedade".
Na última quarta (14), Nisman havia denunciado a presidente Cristina Kirchner e o chanceler Hector Timerman de acobertar as investigações sobre o atentado de 1994 a um centro de convivência da comunidade judia em Buenos Aires. A tese do promotor era que o país e o Irã assinaram um entendimento que iria garantir a impunidade dos responsáveis pelo atentado, que seriam iranianos. Em troca disso, a Argentina conseguiria um acordo comercial para trocar produção agrícola por petróleo.