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Ataque desencadeou protestos violentos de simpatizantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Paris, no sábado (24)
Ataque desencadeou protestos violentos de simpatizantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Paris, no sábado (24)| Foto: TERESA SUAREZ/EFE

O autor do ataque que matou três curdos na última sexta-feira (23), no centro de Paris, revelou aos investigadores que tentou executar antes um massacre na vizinha Saint-Denis e que a intenção inicial era se suicidar "após matar estrangeiros".

Segundo um comunicado divulgado neste domingo (25) pela promotora da capital da França, Laure Beccuau, o homem, de 69 anos, garantiu que na manhã de sexta foi à Saint-Denis, ao norte de Paris, uma região conhecida por ser habitada por muitos imigrantes, com a intenção de assassinar o máximo possível deles.

De acordo com o relato do autor, embora estivesse portando uma arma, um revólver Colt 45, de calibre 11-43, que havia adquirido cinco anos atrás e mantido escondida na casa dos pais, onde vivia, não encontrou suficiente número de pessoas e abriu mão do plano.

Então, ele retornou ao bairro onde vivia e lembrou que ali havia um centro cultural curdo, que afirmava odiar, por ter tido como prisioneiros combatentes do Estado Islâmico (EI) e não os ter matado.

Ali, acabou realizando o massacre, disparando contra dois homens e uma mulher, os dois primeiros diante do centro cultural e a terceira vítima em um restaurante curdo. Duas pessoas morreram no local e a outra no hospital.

O indivíduo se escondeu, então, em uma barbearia local, onde feriu outras três pessoas e acabou desarmado por uma delas antes de ser preso, de acordo com o relato da promotora.

Durante o interrogatório, que foi interrompido neste sábado pela alegação de problemas psiquiátricos do preso, ele se definiu como "depressivo e suicida".

O homem disse que o ódio aos estrangeiros começou em 2016, quando foi vítima de um roubo à residência. Segundo veículos de imprensa, na ocasião, ele atacou um dos ladrões, de origem estrangeira, e foi condenado por isso.

A promotora relatou que a única coisa que o autor lamenta é "não ter se suicidado", algo que disse pretender fazer "algum dia", mas "não sem antes levar o máximo possível de inimigos", em referência a pessoas que não são europeias.

A investigação não conseguiu determinar até o momento qualquer relação particular do homem com a comunidade curda, nem as análises de seu telefone ou do computador que mantinha na casa dos pais, permitiram estabelecer vínculos com ideologias extremistas.

Até o momento, a apuração descartou caráter terrorista à ação, como defendem os representantes da comunidade curda na França, que acusa a Turquia.

Turquia condena ataque, mas critica protestos curdos na França: "terroristas"

O governo da Turquia condenou neste domingo o ataque em que morreram três pessoas de origem curda, mas classificou de "terroristas" os protestos que surgiram em reação ao atentado.

O porta-voz da presidência turca, Ibrahim Kalin, postou uma mensagem no Twitter, em que atribui as manifestações, muitas das quais resultaram em violentos confrontos, ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda na Turquia, que é considerado terrorista pelo governo do país e pela União Europeia.

"Este é o PKK na França. A mesma organização terrorista que vocês apoiam na Síria. O mesmo PKK que matou milhares de turcos, curdos e agentes de segurança nos últimos 40 anos. Agora, queimam as ruas de Paris. Vocês seguirão calados?", escreveu Kalin.

Em uma segunda mensagem, o porta-voz da presidência turca escreveu apenas a "sem comentários", ao postar um vídeo de uma manifestação em que é possível ouvir, em francês, o lema "Somos todos PKK".

Ömer Çelik, porta-voz do partido islâmico AKP, que governa a Turquia desde 2002, atribuiu o "racista e fascista" ataque de sexta-feira ao "aumento da xenofobia, islamofobia e a rejeição dos imigrantes pela política e meios de comunicação da França".

Durante as manifestações de sábado em Paris, 31 policiais ficaram feridos e 11 pessoas foram detidas. Foram registrados danos ao mobiliário urbano, carros foram virados, lixeiras foram incendiadas, entre outros atos de vandalismo.

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