A França informou nesta sexta-feira (23) que foi enterrado em um cemitério na periferia de Paris o corpo do radical islâmico Amedy Coulibaly, que matou uma policial no dia 8 e foi autor do atentado a um mercado kosher de Paris no dia 9.
Coulibaly agiu de forma sincronizada com os irmãos Said e Chérif Kouachi, que invadiram a redação do jornal satírico "Charlie Hebdo" no último dia 7 e mataram 12 pessoas, incluindo oito jornalistas, em ato reivindicado pela rede terrorista Al-Qaeda.
Segundo as autoridades francesas, os restos mortais de Coulibaly foram sepultados na ala muçulmana do cemitério de Thiais, em uma cripta anônima, da mesma forma que foi feito com os corpos dos irmãos Kouachi. Com isso, as autoridades pretendem, ao mesmo tempo, que os túmulos não se tornem local de peregrinação para radicais islâmicos, assim como não sejam alvo de vandalismo por extremistas islamofóbicos ou xenófobos.
O corpo de Coulibaly foi enterrado em Paris após o Mali, no norte da África, país de origem de seus pais, ter rejeitado receber os restos mortais do terrorista. O sepultamento ocorreu no início da manhã.
A reação do "Charlie Hebdo" ao atentado ainda repercute em regiões de maioria islâmica. No lado indiano da Caxemira, lojas e comércios fecharam nesta sexta em protesto contra a publicação de uma nova caricatura de Maomé. Há uma semana, houve protestos em diversos países muçulmanos contra a charge, com reações violentas no Paquistão, na Argélia e no Níger. No último, pelo menos cinco pessoas morreram na onda de violência, que atingiu até igrejas evangélicas brasileiras.
Islamofobia
Por outro lado, o atentado levou ao aumento de atos contra muçulmanos na França. Segundo o Observatório Nacional contra a Islamofobia, foram registrados 128 casos de ataques a islâmicos na região de Paris, pouco menos que os 133 casos de 2014. Dentre eles, 28 foram ataques contra mesquitas e outros centros de orações e 88 ameaças. "Isso é inadmissível e, por isso, pedimos aos poderes públicos que passem à ação para dar fim a esta praga", disse o presidente da ONG, Abdallah Zekri.
Nesta sexta, o Tribunal Constitucional da França confirmou a retirada da cidadania do marroquino Ahmed Sahnouni, condenado em 2013 a sete anos de prisão por organizar uma filial para mandar combatentes ao Oriente Médio e o norte da África. A medida era esperada pelo governo francês como uma das medidas de endurecimento no combate ao terrorismo no país, uma reação aos atentados de Paris. Pela lei, o país pode retirar a nacionalidade francesa de um criminoso com outra cidadania.
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