O presidente da Autoridade de Regulação Nuclear do Japão (NRA), Shunichi Tanaka, insistiu nesta segunda-feira (2) que jogar a água da usina nuclear de Fukushima, com baixos índices de radioatividade, no mar é uma possibilidade que se cogita para resolver o problema dos vazamentos.
"Sei que suscitei polêmica quando falei sobre isso anteriormente", explicou Tanaka em uma movimentada entrevista coletiva oferecida no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Tóquio.
"No entanto, quero deixar claro que não vou tolerar o despejo de água no Pacífico com níveis acima dos determinados pela lei", acrescentou.
A lei japonesa estabelece que uma instalação nuclear pode despejar líquido radioativo no mar, desde que este contenha menos de 90 becquerels de material contaminante por litro.
Tanaka explicou que as principais prioridades para conter os vazamentos de água radioativa na usina são que o operador transfira a água contaminada armazenada para "tanques mais seguros" e que se instale, "o quanto antes", o Sistema Avançado de Processamento de Líquidos (ALPS, sigla em inglês), desenvolvido pela Toshiba.
O ALPS pode subtrair 62 tipos de substâncias radioativas, mas não o trítio.
Já que se pretende limitar a quantidade de líquido utilizado para refrigerar os reatores para assim diminuir o volume de vazamentos, a ideia da Tokyo Electric Power (Tepco), proprietária da central, e das autoridades japonesas é a evaporação ou o despejo dessa água no mar, ao invés de reutilizá-la nas unidades como antes.
O presidente da NRA também acrescentou que o ideal seria implementar outro sistema adicional para reduzir o nível de trítio, se a água for despejada no oceano ou não.
Além do principal problema na central - a acumulação de água contaminada nos porões dos edifícios dos reatores, o que se acredita ser a causa do vazamento de 300 toneladas diárias no Pacífico - houve em agosto um vazamento de água altamente contaminada localizada em um dos tanques onde se armazena o líquido usado na refrigeração dos reatores.
Em relação ao vazamento nesse tanque e aos altos níveis de radiação detectados ontem em outros três depósitos próximos do mesmo, Tanaka insistiu que pediu a Tepco "que transfira a água das cisternas problemáticas o mais rápido possível e que revise todas as ligações, válvulas, etc.".
Os quatro tanques fazem parte de uma série de 350 cisternas fabricadas após o início da crise nuclear de forma mais rápida e econômica, já que se utilizou resina para unir suas partes ao invés de soldá-las.