As autoridades nicaraguenses mostraram na terça-feira (30) pela primeira vez um grupo de opositores que estão encarcerados e que são considerados presos políticos por organizações humanitárias, um dia depois dos parentes deles denunciarem que eles sofriam com desnutrição e perda de peso extrema.
Entre os opositores levados para uma audiência informativa no Complexo Judicial de Manágua estavam três líderes da oposição que pretendiam ser candidatos à presidência da Nicarágua nas últimas eleições, dois líderes estudantis, um dirigente empresarial, um acadêmico e três colaboradores da Fundação Violeta Barrios de Chamorro.
O magistrado Octavio Ernesto Rothschuh, presidente do Tribunal de Apelações de Manágua, notificou os opositores condenados, todos homens, sobre o andamento do processo judicial, em uma audiência à qual só tiveram acesso a imprensa oficial e os meios ligados ao sandinismo, que compartilharam fotografias e vídeos dos presos em suas plataformas digitais.
Os três pré-candidatos presidenciais da oposição, que pretendiam desafiar o ditador Daniel Ortega nas eleições de novembro passado e que foram apresentados pela imprensa oficial e de perfil sandinista, são Juan Sebastián Chamorro, Medardo Mairena e Miguel Mora.
Também foi apresentado o líder estudantil Lesther Alemán, de 24 anos, que repreendeu Ortega durante o início de um fracassado diálogo nacional em maio de 2018; bem como o presidente da Aliança Universitária da Nicarágua (AUN), Max Jérez.
Além disso, estavam presentes na audiência o empresário Michael Healy, que foi preso quando presidia o Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep), principal liderança patronal da Nicarágua; e o cientista político e coautor de dois livros José Antonio Peraza Collado.
Os outros três eram o contador-geral e o administrador financeiro da Fundação Violeta Barrios de Chamorro, Marcos Fletes e Walter Gómez, respectivamente, e Pedro Vásquez, motorista pessoal da diretora da ONG, Cristiana Chamorro.
De acordo com as imagens compartilhadas, alguns dos detidos parecem magros e pálidos, principalmente o líder camponês Medardo Mairena, o empresário Healy e dois colaboradores da fundação.
No dia anterior, os familiares dos detidos denunciaram que as autoridades reduziram drasticamente as porções de alimentos na prisão de El Chipote, "causando mais desnutrição e perda de peso extrema" nos opositores detidos.
Estão encarcerados na prisão policial de El Chipote, oficialmente conhecida como Direção de Assistência Judiciária, líderes da oposição, estudantes, camponeses, empresários, jornalistas e profissionais independentes, entre eles sete opositores que pretendiam concorrer à presidência nas eleições de novembro do ano passado.
Os opositores, detidos entre maio e novembro de 2021, foram condenados a penas de entre 7 e 13 anos de prisão por crimes considerados como “traição à pátria” ou lavagem de dinheiro.
Ortega já os descreveu como "traidores do país", "criminosos" e "filhos da puta dos imperialistas ianques".
Em sua denúncia, os parentes dos detidos exigiam "um aumento urgente das porções, bem como a melhoria do valor nutricional da dieta de nossos familiares".
Por sua parte, o defensor de direitos humanos exilado Pablo Cuevas disse hoje a jornalistas que o governo Ortega mostra os presos políticos como parte de uma "campanha de terror" para "intimidar os cidadãos nicaraguenses".
"A ditadura deu um passo em falso com todo esse ataque à liberdade religiosa e o sequestro de padres e leigos, e eles sabem que internacionalmente aumentou o questionamento, o desprestígio e a ilegitimidade", disse a ativista nicaraguense também exilada Haydée Castillo.
Segundo Castillo, as autoridades "estão procurando lavar a cara perante a comunidade internacional".
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