Ouça este conteúdo
O governo de Israel cancelou uma visita que autoridades do país fariam aos Estados Unidos depois que Washington se absteve numa votação no Conselho de Segurança da ONU, na qual foi aprovado um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza durante o Ramadã, o mês sagrado muçulmano, iniciado em 10 de março e que termina em 9 de abril.
Segundo informações da emissora CNN, o conselheiro de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, e Ron Dermer, membro do gabinete de guerra e assessor do premiê Benjamin Netanyahu, viajariam a Washington na noite desta segunda-feira (25), mas a visita foi cancelada devido à votação.
O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, lamentou a decisão de Israel. “Estamos muito desapontados por eles não virem a Washington, para nos permitir ter uma conversa abrangente com eles sobre alternativas viáveis para uma ofensiva terrestre em Rafah”, disse Kirby.
Nesta segunda-feira, após meses em que Estados Unidos, Rússia e China vetaram no Conselho de Segurança propostas de cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde Israel realiza uma ofensiva em resposta aos ataques do grupo terrorista Hamas em outubro, o colegiado aprovou por unanimidade uma proposta de dez membros não permanentes (Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Suíça) para um cessar-fogo no enclave palestino durante o Ramadã.
Os americanos, que, como membros permanentes do conselho (assim como França, Reino Unido, China e Rússia), poderiam ter vetado a resolução, desta vez se abstiveram.
Essa atitude dos Estados Unidos e o cancelamento da visita das autoridades israelenses ocorrem num momento em que os dois países, aliados geopolíticos históricos, discordam sobre uma ofensiva terrestre na cidade de Rafah, que Netanyahu disse que Israel fará “mesmo sozinho” e é questionada por Washington, que reivindica explicações sobre a evacuação de civis.
Em nota, o gabinete de Netanyahu classificou a postura americana na votação como “um claro recuo da posição consistente dos EUA no Conselho de Segurança desde o início da guerra”, que “dá ao Hamas esperança de que a pressão internacional lhes permitirá obter um cessar-fogo sem libertar os nossos reféns”.