As autoridades palestinas esperam que o presidente eleito Jair Bolsonaro tenha "sabedoria" ao tomar sua decisão sobre o futuro da embaixada do Brasil em Israel. O embaixador palestino na ONU, Ibrahim Khraishi, disse apostar que a mudança não vai ocorrer. Segundo ele, o presidente eleito demonstrou hesitação sobre o assunto na terça-feira, 6.
"Esperamos que ele (Bolsonaro) tenha a sabedoria de manter a posição histórica do Brasil, que ele respeite o direito internacional e as resoluções da ONU sobre esse assunto", afirmou o embaixador.
Conforme Khraishi, uma rede de diplomatas está em contato com as autoridades brasileiras para tratar do assunto. Ele ponderou ainda que existe uma esperança de que, uma vez no comando do Brasil, Bolsonaro "entenda" que algumas de suas promessas de campanha não têm espaço.
Leia também: Palestinos criticam decisão de Bolsonaro sobre Jerusalém
"Existe diferença entre o que se promete numa campanha eleitoral e quando uma pessoa assume o governo", declarou um dos diplomatas mais experientes entre as autoridades palestinas e que acumulou cargos de representante na UE e vice-ministro para Assuntos Internacionais. Membro do Conselho Central da Organização para a Libertação da Palestina, Khraishi é o representante máximo de seu governo na ONU há dez anos.
Uma eventual mudança da embaixada brasileira teria um impacto importante para os palestinos, já que poderia abrir a porta para outros países em desenvolvimento e que tradicionalmente mostraram apoio à causa palestina.
Na semana passada, em entrevista a um jornal israelense, Bolsonaro confirmou sua promessa de campanha de mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. A estratégia seguia os mesmos passos do presidente americano Donald Trump e colocaria fim ao posicionamento tradicional dos diferentes governos brasileiros no que se refere à questão palestina.
A declaração de Bolsonaro fez o Hammas alertar o Brasil sobre atos "hostis" que estariam sendo tomados em relação ao povo palestino. Dias depois, o Egito cancelou uma visita de empresários e do Itamaraty ao Cairo.
Bolsonaro, depois de evitar responder sobre o incidente com o Egito, acabou se pronunciando e disse que a mudança seria feita em respeito a uma decisão do povo israelense. "O que eu estou falando é o seguinte: para nós, não é um ponto de honra essa decisão. Agora, quem decide onde é a capital de Israel é o povo, é o Estado de Israel. Se eles mudaram de local...", disse.
Ele classificou como prematura a suspensão, por parte do Egito, da visita do atual chanceler brasileiro, Aloysio Nunes Ferreira, com empresários ao país. "Pelo que vi, é também questão de agenda. Agora, acho que seria prematuro um país anunciar uma retaliação em função de uma coisa que não foi decidida ainda", completou.
Diplomático, o embaixador palestino tentou minimizar a ação do Egito e insistiu na necessidade de evitar que haja um acirramento das posições neste momento. "Não tenho certeza que a questão palestina foi o motivo para o cancelamento", comentou. À reportagem, diplomatas israelenses deixaram claro nesta quarta-feira, 7, que vão fazer questão de relembrar Bolsonaro sobre sua promessa e sobre o fato de ele ter defendido a mudança da embaixada.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Eleição para juízes na Bolívia deve manter Justiça nas mãos da esquerda, avalia especialista