A Rússia anunciou nesta sexta-feira (23) o início dos referendos de anexação de territórios ucranianos à Federação Russa, em uma consulta sobre a intenção dos moradores. As votações orquestradas pelo Kremlin foram amplamente denunciadas pela Ucrânia e pelo Ocidente como "uma farsa sem qualquer força legal". O plebiscito está sendo realizado nas regiões de Luhansk, Kherson, Zaporizhzhia e Donetsk, parcialmente controladas pelos russos.
A agência russa Interfax publicou a pergunta que está sendo feita aos habitantes da província de Zaporizhzhia: "Você é a favor da separação da região de Zaporozhzhia da Ucrânia, à formação de um estado independente e sua entrada na Federação Russa?”
A consulta pública segue até a próxima terça-feira (27) e está claro que deverá haver manipulação por parte do Kremlin para que os resultados sejam favoráveis à anexação dos territórios. Isso daria à Rússia o pretexto para alegar que as tentativas das forças ucranianas de recuperar o controle são ataques ao país, resultando em uma escalada da guerra, especialmente depois das últimas ameaças do presidente Vladimir Putin sobre o uso de armas nucleares.
"Há um desejo de que esses referendos passem o mais despercebidos possível, para que a manipulação possa ser exercida confortavelmente", diz Anna Colin Lebedev, especialista em sociedades pós-soviéticas, ao jornal francês Le Figaro.
A agência russa TASS, que noticia de acordo com o ponto de vista do governo do país, deu alguns detalhes sobre a condução da votação nas áreas controladas. Segundo a agência, devido a prazos curtos e "problemas técnicos", "decidiu-se usar as tradicionais cédulas de papel, em vez do voto eletrônico".
A votação presencial acontecerá exclusivamente no dia 27 de setembro, enquanto nos outros dias a consulta será realizada “nas comunidades e de porta em porta por motivos de segurança”.
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