Autoridades ucranianas, europeias e dos Estados Unidos expressaram indignação neste domingo (3) com as supostas execuções sumárias de várias centenas de civis no subúrbio de Bucha (a 37 quilômetros de Kiev) e em outras áreas do norte da capital da Ucrânia. A prefeitura da cidade informou, no sábado (2), que 300 moradores foram mortos durante a ocupação de um mês pelo exército russo.
"Isso apenas pode ser descrito como genocídio", afirmou o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, em entrevista ao jornal alemão Bild, neste domingo. Ele indicou que os civis encontrados mortos nas ruas de Bucha, após a retirada das tropas russas, "tinham as mãos amarradas às costas". Fotografias das atrocidades foram divulgadas pela imprensa internacional. A página oficial do Ministério de Defesa da Ucrânia no Twitter publicou várias imagens e um vídeo de corpos pelas ruas de Bucha.
O prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, denunciou neste sábado que as ruas estavam repletas de corpos e que famílias inteiras tinham sido assassinadas, incluindo "crianças, mulheres, avós, homens". O líder político da localidade apontou ainda que 280 vítimas tinham sido sepultadas em covas comuns.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, divulgou fotos de corpos nas ruas da cidade. “O massacre de Bucha foi deliberado. Os russos pretendem eliminar o maior número possível de ucranianos. Devemos detê-los e expulsá-los”, escreveu. Ele exigiu “novas sanções devastadoras do G7” imediatamente, incluindo petróleo, gás, embargo de carvão, fechamento de todos os portos para navios e mercadorias russos e desligamento de todos os bancos russos do sistema Swift.
A Rússia negou neste domingo que as tropas do país assassinaram civis na cidade ucraniana de Bucha e garantiu que as fotografias e vídeos veiculados pelo país vizinho são uma "provocação".
"Todas as fotos e todos os vídeos publicados pelo regime de Kiev, que supostamente são testemunho de algum tipo de crime por parte dos efetivos militares russos na cidade de Bucha, são outra provocação", disse o Ministério da Defesa russo, por meio de nota no Telegram.
Reação internacional
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, definiu as imagens dos mortos como um "soco no estômago" e defendeu a responsabilização de todo tipo de crime de guerra. Não podemos normalizar isso. Essa é a realidade do que está acontecendo todos os dias enquanto a brutalidade da Rússia contra a Ucrânia continuar”, disse, em entrevista à rede CNN, neste domingo (3), cujo conteúdo foi reproduzido pela agência Reuters.
Pelo Twitter, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que as imagens de Bucha são "insuportáveis" e garantiu que "as autoridades da Rússia deverão responder por esses crimes". O francês, que vem sendo um dos principais interlocutores nas conversações diplomáticas com Vladimir Putin, manifestou-se pouco depois do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e também dos líderes de Itália, Reino Unido e União Europeia (UE).
O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, também usou o Twitter para afirmar que todos os casos precisam ser investigados pela Corte Internacional de Justiça. "Chocado com as notícias de atrocidades cometidas pelas forças russas. A UE ajuda a Ucrânia a documentar crimes de guerra", escreveu.
A secretária de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Liz Truss, reforçou que há "provas crescentes de atos terríveis das forças invasoras em cidades como Irpin e Bucha”, acrescentando que Londres apoiaria totalmente qualquer investigação do Tribunal Penal Internacional. A informação é da agência Reuters.
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) divulgou neste domingo que há indícios de que o exército da Rússia está cometendo possíveis crimes de guerra em áreas que está controlando, o que inclui execuções sumárias de civis.
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